Equipas prováveis
FC Porto - Helton; Bosingwa, Stepanov, Bruno Alves e Cech; Lucho, Paulo Assunção e Raúl Meireles; Tarik, Lisandro e Quaresma
Treinador: Jesualdo Ferreira
Boavista - Carlos; Rissutt, Ricardo Silva, Marcelão e Moisés; Fleurival, Diakité e Jorge Ribeiro; Milos Bosancic; Edgar e Mateus
Treinador: Jaime Pacheco
O Boavista, que tem desiludido neste arranque de campeonato, vai tentar, amanhã, na casa do seu grande rival de sempre, um ponto de viragem, para melhor, nesta época. De facto, uma vitória diante do FC Porto, além de ser a primeira na presente edição da Liga Bwin, terá o condão de trazer uma nova "chama" à equipa "axadrezada" e à sua massa adepta.
Para o encontro de amanhã, Jaime Pacheco deverá fazer, novamente, alterações no meio-campo, já que, depois da relativa ineficácia do trio Fleurival-Diakité-Gajic frente ao Leixões, a solução Essame (depois Gilberto)-Diakité-Jorge Ribeiro para o jogo com a Académica esteve longe de ser profícua. Assim, tais factos, aliados à assumida intenção de Pacheco em jogar com cautelas no terreno do líder do campeonato, poderão levar a que o Boavista se apresente amanhã nas Antas com mais uma unidade no meio-campo, sendo, provavelmente, sacrificado o ponta-de-lança Bangoura. Desta forma, é provável que Diakité, apesar de ter falhado imensos passes frente à Académica, jogue à frente dos dois centrais (estando encarregue de impedir que Lucho disponha de espaços e ganhe as segundas bolas, evitando, assim, que o argentino faça uso do seu forte pontapé), Fleurival regresse ao "onze" para jogar como médio-interior direito e Jorge Ribeiro se mantenha no lado esquerdo do meio-campo (o que poderá ser útil, em algumas situações ofensivas do FC Porto, nomeadamente com Quaresma a descair para o flanco direito portista, nas quais o esquerdino poderá surgir no apoio ao lateral-esquerdo Moisés, passando o Boavista, nessas ocasiões, a desdobrar-se para um 3-5-2, com três centrais). Mais à frente, é provável que Pacheco aposte num dos sérvios (Gajic ou mesmo Bosancic) para jogar no apoio a dois homens abertos na frente, que, pelas suas características, poderão ser Edgar e Mateus, pois ambos podem surgir nas alas ou, por vezes, ser utilizados no centro, pelo que, nas suas movimentações, são jogadores que privilegiam as diagonais.
Quanto ao FC Porto, depois da débacle a meio da semana em Fátima, Jesualdo Ferreira (em mais um reencontro com o Boavista, depois da sua polémica saída em Agosto do ano passado) deverá voltar a chamar os principais jogadores para o "onze" (apesar do comprimisso da próxima 4.ª feira em Istambul, diante do Besiktas), ficando apenas a dúvida sobre quem ocupará a vaga deixada pelo lesionado João Paulo: o sérvio Stepanov ou o regressado Pedro Emanuel.
À partida, esta deslocação ao terreno do FC Porto vem em péssima altura, dada a crise de resultados neste início de temporada "axadrezado". No entanto, convém recordar que, um pouco à semelhança do que aconteceu há três anos (em que, depois de uma humilhante derrota por 6-1 em Alvalade, o BFC conseguiu "gelar" o Dragão, sendo a primeira equipa a bater os portistas no seu novo estádio), o Boavista poderá encontrar, neste jogo, o momento ideal para terminar com a desconfiança generalizada da sua massa associativa e partir para uma carreira bem mais agradável no campeonato. Para isso, o Boavista tem, obviamente, que encontrar algo que ainda não conseguiu mostrar: consistência a meio-campo e capacidade para sair a jogar com qualidade para o ataque. Só assim é que o BFC conseguirá aumentar a qualidade do seu jogo, construir lances ofensivos com princípio, meio e fim, e impedir o FC Porto de "crescer" e de dominar a partida a seu bel-prazer. Além disso, sem cair no exagero de jogar somente em função do dispositivo táctico adversário, abusando das marcações individuais, é inegável que anular Ricardo Quaresma (ele que, muitas vezes, quando o FC Porto parece uma equipa algo letárgica em campo, consegue criar os desequilíbrios necessários para surgirem as oportunidades de golo) significará estancar a principal fonte de criatividade e capacidade de improvisão da equipa portista. Fica, também, um desejo de boa sorte para a equipa de arbitragem, que vai ser liderada por Artur Soares Dias para que consiga rubricar uma actuação bem mais feliz do que as que têm sido norma nos jogos do Boavista esta época (com claro prejuízo para as hostes boavisteiras, concretamente com a não-marcação de grandes penalidades, em lances perfeitamente nítidos para quem está no estádio, a favorecer o BFC, como aconteceu no último encontro). Ficará, com toda a certeza, o espectáculo e quem a ele assiste a ganhar.
Para terminar, o Notícias do Bessa apela aos boavisteiros que, não obstante o desânimo natural de quem ainda não viu a equipa vencer esta época, se desloquem em bom número ao estádio do Dragão.
Boavista - Carlos; Rissutt, Ricardo Silva, Marcelão e Jorge Ribeiro; Fleurival (Ivan Santos, aos 57min), Diakité e Gajic (Moisés, aos 75min); Zé Kalanga (Edgar, aos 62min), Bangoura e Mateus
Treinador - Jaime Pacheco
Leixões - Beto; Marco Cadete, Nuno Diogo, Elvis e Ezequias; Bruno China, Jorge Duarte (Hugo Morais, aos 70min) e Paulo Machado (Rúben, aos 88min); Filipe Oliveira (Tales, aos 60min), Roberto e Nwoko
Treinador - Carlos Brito
O Boavista voltou a desiludir em casa, ao não conseguir bater um acessível Leixões, continuando, assim, sem conhecer o sabor da vitória nesta Liga. O Boavista até entrou bem no jogo, mostrando vontade de assumir o domínio do encontro e de jogar no meio-campo adversário. Os "axadrezados" atacavam, sobretudo pelo flanco direito (curiosamente, na zona em que o relvado se apresentava muito mal tratado), com Rissutt a subir muito e bem e Zé Kalanga, pese embora algum indivualismo em algumas ocasiões, a conseguir dar grande profundidade ofensiva ao jogo por essa faixa. Na esquerda, destacava-se Gajic (que foi o criativo escolhido por Pacheco, começando o jogo descaído para a esquerda), que mostrava bons pormenores em termos técnicos, com destaque para uma excelente abertura, feita em trivela, a desmarcar Zé Kalanga, que, quando tinha tudo para passar para o "coração" da grande área, onde surgia Bangoura isolado, decidiu ser egoísta e rematar ao lado. Foi, sem dúvida, a melhor oportunidade de golo da primeira parte.
No entanto, após esses 20 minutos iniciais em que o Boavista, por vezes, chegou a entusiasmar o público que lhe é afecto (e que compareceu em bom número), o BFC passou a jogar verdadeiramente aos repelões, com muita bola pelo ar e dificuldades na transição para o ataque (apenas Rissutt, ao combinar com Zé Kalanga, o conseguia, a espaços, fazer). Isto tudo era o reflexo da desorganização gritante que o Boavista via a meio-campo, com Diakité completamente perdido em termos posicionais (não se percebia se jogava à frente dos dois centrais ou, mais adiantado, como médio-interior esquerdo), Fleurival muito lutador mas muito pouco certeiro no passe e Gajic, também ele algo perdido em termos tácticos, a não conseguir agarrar convenientemente no jogo, a perder-se em individualismos e a não conseguir destribuir com qualidade o jogo para o ataque. Aproveitou o Leixões, apesar das suas evidentes fragilidades (é certo que ainda não perdeu para o campeonato, mas, pelo que mostrou ontem, terá muitas vezes dificuldades em ganhar e, assim, em lutar por algo mais que a manutenção), para subir e crescer no terreno, criando duas oportunidades de golo. Primeiro num cabeceamento de Roberto, na sequência de um livre (inexistente, por sinal) de Ezequias na esquerda, a seguir num remate ao lado de Jorge Duarte, a aproveitar uma falha de marcação de Rissutt. Ou seja, o Boavista apenas "existia", em termos ofensivos, na direita, enquanto que na esquerda, não obstante uma ou outra boa incursão de Jorge Ribeiro (que anulou facilimente Filipe Oliveira), Mateus se mostrava demasiado confuso e trapalhão. Chegava, desta forma, o intervalo, com um Boavista cuja produção havia caído a pique e com a clara necessidade de que Pacheco fizesse algo para reequilibrar a equipa a meio-campo, de modo a voltar a ter mais posse de bola e o domínio do encontro. Todavia, o treinador do BFC não efectuou qualquer substituição ao intervalo.
Ainda assim, o Boavista, um pouco à semelhança do primeiro tempo, voltou a entrar mais pressionante e capaz de fazer recuar as linhas do Leixões. Logo a abrir a etapa complementar do desafio, Diakité, num cabeceamento de cima para baixo, na sequência de um canto de Fleurival, esteve pertíssimo do golo. Ora, foi precisamente numa fase em que o Boavista conseguia empurrar, de certa forma, o Leixões para o seu secotr mais recuado, contando, para isso, com uma maior acutilância ofensiva no flanco esquerdo (Jorge Ribeiro subia mais e Mateus melhorava a sua produção) que Pacheco, à semelhança do que aconteceu no jogo com o Marítimo, tentou arriscar mas fê-lo da pior forma, ao retirar o principal recuperador de bolas a meio-campo, Fleurival. É certo que o médio de Guadalupe não estava a actuar a um nível satisfatório, mas, ao retirar o principal responsável pelo pressing a meio-campo, ficou com um meio-campo com um médio claramente mais posicional (Diakité) e dos criativos, mais frágeis fisicamente e menos vocacionados para a recuperação do esférico, Ivan Santos e Gajic. Se Ivan até entrou bem, já a permanência do sérvio foi um erro, já que o ex-Napredak continuou a perder bolas e a exagerar no individualismo. Substituir um crativo pelo outro seria uma substituição muito mais eficaz. Outra alteração, pouco depois, que também não trouxe nada de positivo à equipa foi a saída de Zé Kalanga (que, apesar de, tal como Gajic, exagerar por vezes no individualismo, conseguia criar desequilíbrios no flanco direito) para a entrada de um Edgar ainda algo pesado e, portanto, incapaz de produzir acções profícuas pelas alas. Desta forma, o Boavista, que novamente tinha entrado melhor, acabou por peder "músculo" a meio-campo e capacidade de dar profundidade ao jogo pelas faixas, o que permitiu ao Leixões crescer em campo. Jorge Ribeiro, na marcação de um livre, ainda fez os adeptos do Boavista festejar (o livre que o esquerdino apontou deu, na Bancada Nascente, a sensação clara de golo), mas os "axadrezados" acabaram por perder o domínio do encontro, o que fez com que apenas em contra-ataques algo atabalhoados o Boavista conseguisse transportar o jogo para o meio-campo leixonense. Pertenceu, até, ao Leixões a última oportunidade clara de golo do encontro, num lance em que Roberto, aparentemente lançado em posição irregular, consegue passar por Carlos, mas, perante a oposição de Ricardo Silva e Rissutt, acabou por perder o esférico.
Jaime Pacheco ainda tentou, à entrada dos 10 minutos finais, emendar o erro cometido com a saída de Fleurival, ao lançar Moisés (fazendo sair Gajic) para o meio-campo. No entanto, é óbvio que o central emprestado pelo Cruzeiro não é, claramente, um jogador vocacionado para o pressing, pelo que a alteração poucos efeitos surtiu.
Em suma, o Boavista acabou por perder mais dois pontos num encontro em que tinha a obrigação de fazer muito melhor, ainda para mais depois de uma entrada forte no jogo. Com três pontos ao fim de quatro jornadas e com apenas um golo marcado, fica a ideia de que Jaime Pacheco tem soluções no plantel mais que suficientes para conseguir um pecúlio superior. É certo que os reforços foram chegando a "conta-gotas" e que o entrosamento da equipa, por via disso, ainda está longe do ideal, mas, nestas quatro jornadas, foram cometidos alguns erros absolutamente inadmissíveis, perante adversários claramente ao alcance da formação "axadrezada". Saiba o Boavista, principalmente a sua equipa técnica, corrigir esses erros já a partir do próximo jogo ou a margem de manobra ficará cada vez mais curta...
Equipas prováveis:
Boavista - Carlos; Rissutt, Ricardo Silva, Marcelão e Jorge Ribeiro; Fleurival, Diakité e Ivan Santos; Mateus, Bangoura e Rafal Grzelak
Treinador - Jaime Pacheco
Leixões - Beto; Marco Cadete, Nuno Diogo, Elvis e Ezequias; Bruno China, Jorge Duarte e Paulo Machado; Filipe Oliveira, Roberto e Nwoko
Treinador - Carlos Brito
Depois de uma semana de paragem na Liga, na qual o Boavista realizou um estágio com vista a dar maior entrosamento à equipa e a integrar os recentes reforços Jorge Ribeiro e Zé Kalanga, os"axadrezados" vão, diante de um Leixões que tem deixado muito boas indicações neste regresso ao 1.º escalão do futebol nacional, tentar a primeira vitória em jogos oficiais esta época. E vão tentar esse objectivo num Estádio do Bessa Século XXI que deverá registar uma boa casa (em comparação com o que tem acontecido nos tempos mais recentes) para receber um "derby" do grande Porto que, desde os anos 80, tem estado arredado dos grandes palcos.
Para o jogo de hoje, Jaime Pacheco deverá manter o 4-3-3, embora se preveja que este tenha uma maior dinâmica ofensiva, com a saída de Olufemi e a inclusão de um criativo no meio-campo, reflectindo o que se passou no último quarto-de-hora em Paços de Ferreira (em que o Boavista, contando com a maior capacidade de improvisação decorrente das entradas de Grzelak e Ivan Santos, surgiu muito mais acutilante). Assim, o eleito deverá ser Ivan Santos, que mostrou capacidade para desequilibrar frente ao Paços de Ferreira (podendo, também, combinar com os extremos e abrir espaços pelas alas), se bem que Pacheco possa optar por um "número 10" mais típico, mais vocacionado para o passe e a organização de jogo, lançando um dos sérvios, Gajic ou Bosancic. No ataque, se Bangoura é a opção natural para o centro e Mateus parece ter ganho, no último encontro, lugar numa das alas, fica a dúvida sobre quem jogará na outra faixa. Grzelak é uma opção lógica, até porque entrou, também ele, bem em Paços de Ferreira (podendo, igualmente, fazer combinações e trocas de posição com o criativo da equipa, como aconteceu com Ivan Santos frente aos "castores"), mas o recém-chegado Zé Kalanga, que é um extremo que dá grande profundidade e verticalidade ao jogo pelas alas (gosta de jogar junto à linha e procurar situações de cruzamento), também se afigura como alternativa. Na defesa, a inclusão de Jorge Ribeiro no lado esquerdo é quase certa, enquanto que, no lado direito, Gilberto tem sido titular, no entanto, Rissut, agora com níveis físicos mais próximos do desejado, poderá, muito bem, ser a escolha para o "onze".
Quanto ao Leixões, Carlos Brito, de regresso ao Estádio do Bessa Século XXI, terá de encontrar alternativas, dentro do seu esquema de 4-3-3, para as ausências dos habituais titulares Vierinha, Jorge Gonçalves e Pedro Cervantes. Se o lugar de Cervantes deverá ser preenchido por Bruno China (embora Carlos Brito, numa opção mais arrojada, possa lançar Livramento para a posição de médio-interior direito, dando a Paulo Machado, médio-interior do lado oposto, maiores responsabilidades defensivas e menor liberdade para organizar o ataque). Nas alas do ataque, Filipe Oliveira e Nwoko deverão ser as apostas, apesar de o esquerdino Hugo Morais poder ser uma alternativa. De destacar, no Leixões, as movimentações ofensivas de Paulo Machado, médio inteligente na ocupação dos espaços, capaz de distribuir jogo e de aparecer no flanco esquerdo do ataque, aproveitando as diagonais do extremo da daquele lado, que deverá ser Nwoko (o qual, no jogo com o Benfica, apareceu muito bem nas "costas" do ponta-de-lança quando marcou o golo do empate).
Tratar-se-á de uma partida na qual a luta pelo domínio das operações a meio-campo será fundamental. Além de procurar ganhar essa "batalha", o Boavista terá de encontrar soluções que lhe permitam a transição para o ataque jogando o esférico junto ao relvado, explorando as faixas (onde tem variadas opções, além de que pode apresentar dois laterais com grande pendor ofensivo, Jorge Ribeiro e Rissut) e tentando, através das subidas dos médios, ter homens no apoio directo ao ponta-de-lança Bangourá. Convém acrescentar que, em termos defensivos, o Boavista não pode cometer os erros crassos que teve no golo do Paços de Ferreira (um só elemento mais recuado para o contra-ataque adversário num canto a favor do BFC foi uma falha grave) e no segundo golo do Marítimo no Bessa. Para terminar, o Notícias do Bessa pede um bom apoio dos boavisteiros à equipa, num desafio em que uma rivalidade há algum tempo "adormecida" se deverá notar.
FORÇA BOAVISTA!!!
Num jogo-treino enquadrado no estágio que o Boavista está a realizar (termina amanhã) no Luso, os "axadrezados" derrotaram o Pampilhosa, que milita na 2.ª Divisão Nacional, por duas bolas a zero, com golos de Marcelão e Hugo Monteiro. Este encontro marcou, também, as estreias de Jorge Ribeiro e Zé Kalanga, mas não contou com as presenças de Diakité, Bangoura (ambos não utilizados por precaução), Mário Silva e Léo Tambussi (os dois ainda a recuperar das respectivas lesões).
Paços de Ferreira - Peçanha; Mangualde, Rovérsio, Luiz Carlos e Chico Silva; Paulo Gomes; Dedé (Ricardinho, aos 82min) e Fernando Pilar; Edson (Mário Carioca, aos 86min), Furtado (Edson Di, aos 89min) e Cristiano
Treinador - José Mota
Boavista - Carlos; Gilberto, Ricardo Silva, Marcelão e Rissutt; Diakité; Olufemi (Grzelak, aos 75min) e Fleurival; Laionel (Hugo Monteiro, aos 79min), Bangoura e Mateus (Ivan Santos, aos 69min)
Treinador - Jaime Pacheco
O Boavista continua sem vencer na presente edição da Liga, mas, desta feita, num terreno onde apenas o Belenenses conseguiu triunfar na temporada passada, pode dizer-se que obteve um resultado bastante aceitável. No entanto, ficou a ideia de que, tivesse Pacheco lançado Ivan Santos e Grzelak (que entraram muito bem e conseguiram criar bastantes desequilíbrios) mais cedo, eles que ajudaram a uma mudança radical no futebol praticado pelo Boavista, os "axadrezados" poderiam ter saído da Mata Real com os três pontos.
Como se previa, ambos os treinadores colocaram as suas equipas a jogar em 4-3-3. Jaime Pacheco surpreendeu ao apostar no recém-chegado Mateus no "onze", ocupando uma das faixas (e trocando constantemente de flanco com o outro extremo, Laionel), e num meio-campo musculado, com Diakité mais recuado, Fleurival na esquerda e Olufemi na direita. Perante a ausência de Mário Silva, Rissut foi a adaptação escolhida para o lado esquerdo da defesa.
Entrou melhor o Paços de Ferreira, aproveitando o mau posicionamento de Rissut para, através da velocidade de Edson, tentar chegar com perigo à área do BFC. Aliás, os "castores" poderiam ter aberto o marcador bem cedo, na sequência de um canto que trouxe muita atrapalhação à defensiva do Boavista, com Bangoura, em tarefa defensiva, a cortar sobre a linha de golo. No entanto, rapidamente o encontro caiu numa toada de futebol demasiado directo, com o Paços de Ferreira a apostar, quase única e exclusivamente, nos lançamentos longos desde a defesa para Edson e Cristiano, os dois extremos. E o Boavista respondia... da mesma forma, dada a incapacidade do meio-campo para construir jogo e fazer a ligação com o ataque em boas condições. Olufemi, dos três médios aquele que tinha maiores responsabilidades na organização de jogo, até mostrava um ou outro bom pormenor em termos técnicos (ao nível da finta), mas acabava por ser inconsequente nas suas acções, uma vez que arriscava muito pouco no passe (optava quase sempre por passar para o lado e de forma curta), e Fleurival limitava-se a endereçar o esférico a Olufemi ou ao companheiro mais próximo no flanco esquerdo. Por isso, a solução para fazer chegar a bola ao ataque passava por lançamentos longos por parte de Marcelão, Ricardo Silva ou Gilberto. Ainda assim, a espaços, o irreverente Mateus (rápido e sem receio em enfrentar o defesa do seu flanco) e Bangoura (que recorria ao seu poder físico para segurar a bola e tentar criar espaços) criavam algumas dificuldades à defensiva pacense, ao contrário do que acontecia com Laionel (procurou quase sempre a finta, mas, com pouca objectividade e capacidade para jogar com a equipa, era "presa" fácil para o sector mais recuado da turma da casa). Não obstante o mau futebol praticado sobre o relvado do Estádio da Mata Real, o Boavista dispôs de duas boas oportunidades para inaugurar o marcador, ambas na sequência de cantos: na primeira, Olufemi aproveita a segunda bola e remata, de pé esquerdo, ligeiramente ao lado; na segunda, novamente o Boavista a ganhar a segunda bola, o esférico é endossado para a direita, onde Ricardo Silva, abnegado e possante, cruza para a cabeça de Bangoura, desviando Peçanha para canto. Ora, foi na sequência desse canto que os "axadrezados", infantilmente, sofreram o primeiro tento da partida. Incompreensível, ainda para mais tendo o Paços de Ferreira jogadores rápidos no ataque, como é que Jaime Pacheco apenas deixa Gilberto recuado no terreno para prevenir o contra-ataque adversário. O Paços de Ferreira ganhou o ressalto na segunda grande área e rapidamente se conseguiu desdobrar no ataque, surgindo Cristiano completamente isolado para bater Carlos. Um erro de palmatória do Boavista e do seu treinador a permitir que, sem ter feito muito por isso, a formação visitada se colocasse em vantagem.
Na segunda parte, apesar de não terem sido feitas substituições ao intervalo, o Boavista surgiu um pouco melhor. Fruto da necessidade de pegar no jogo, Pacheco decidiu adiantar Olufemi no terreno, dando-lhe maior pendor ofensivo. E a alteração resultou, visto que Fleurival, agora a jogar ao lado de Diakité no meio-campo, passou a jogar mais "à-vontade", dadas as menores responsabilidades na distribuição de jogo, e Olufemi conseguiu, aqui e ali, abrir um ou outro espaço. No entanto, a inoperância de Laionel, completamente ineficaz nas suas acções, aliada à fraca capacidade ofensiva de Gilberto, fez com que o Boavista apenas utilizasse o flanco esquerdo (onde estava Mateus e Rissut) na sua inciativa ofensiva, o que retirava largura ao jogo atacante do Boavista. Assim, apenas dois lance digno de registo: um com Bangoura a trabalhar muito bem sobre o central Rovérsio e a rematar em jeito, fazendo a bola passar próximo do poste esquerdo da baliza de Peçanha, e outro com Olufemi a sofrer uma carga na grande área adversária que, para quem estava na bancada, suscitou algumas dúvidas. Mais uma grande penalidade por marcar a favor do Boavista? Poderá muito bem ter sido... Quanto ao Paços de Ferreira, o futebol era reduzido ao extremo da simplicidade, a jogada era sempre a mesma: bola nos centrais e pontapé para frente a solicitar Edson ou Cristiano.
No entanto, o Boavista apenas conseguiu um ascendente significativo sobre o adversário após as entradas de Ivan Santos e Grzelak. É verdade que, para entrar Ivan, Pacheco decidiu retirar um dos melhores, Mateus (alteração que motivou muitos assobios no Topo Norte do estádio, onde se encontrava a falange de apoio ao BFC - adeptos do Boavista que compareceram em bom número em Paços de Ferreira, diga-se - e que apenas se justifica pelo pouco tempo que o internacional angolano tem com a sua nova equipa), mas, depois destas duas substituições, o Boavista, jogando agora num 4-2-3-1 (com Grzelak e Laionel - depois Hugo Monteiro - nas alas e Ivan Santos no apoio a Bangoura, mas combinando várias vezes com Grzelak), passou a ser uma equipa mais pressionante em zonas mais adiantadas no terreno e, sobretudo, capaz de jogar um futebol com maior ligação entre sectores. De facto, Ivan Santos trouxe uma outra dimensão ao futebol do Boavista, arriscando a finta perante os adversários, procurando explorar a linha de fundo e combinando muito bem com Grzelak. Assim, foi com naturalidade que o Boavista chegou ao golo do empate, num lance, todavia, "manchado" pelo fora-de-jogo em que se encontrava Bangoura. O 1-1 teve o "condão" de espevitar os ânimos nas bancadas e o próprio árbitro que, a partir daí, inexplicavelmente, decidiu assinalar uma série de livres a favorecer o Paços de Ferreira (a maioria dos quais inexistentes), o que impediu, de certa forma, o Boavista de manter a mesma toada e tentar chegar ao 1-2. No entanto, mesmo a fechar o encontro, os "axadrezados" estiveram a um pequeno passo da vitória, em mais uma excelente combinação de Grzelak e Ivan Santos pela esquerda: o polaco aproveitou o espaço aberto nessa faixa e cruzou rasteio para a zona do primeiro poste, onde Ivan Santos, por muito pouco, não conseguiu desviar a bola para a baliza de Peçanha. Seria um prémio justíssimo para a excelente entrada que Ivan Santos protagonizou no encontro.
No final deste jogo, fica a imagem de um Boavista com duas "faces": esforçado mas praticando futebol demasiado directo na primeira parte, pressionante e capaz de trocar a bola com qualidade nos minutos finais da partida. O BFC parece ter um plantel com soluções de qualidade (embora com o óbice de ter sido construído a "conta-gotas"), cabendo, por isso, a Jaime Pacheco colocar esta equipa a praticar bom futebol. E, para isso, é quase indispensável colocar criativos no meio-campo a jogar, algo que não aconteceu até à entrada de Ivan Santos... Urge, também, corrigir os erros defensivos da equipa: depois de ter sofrido o segundo golo, frente ao Marítimo, na sequência de um lançamento lateral a seu favor no meio-campo adversário, desta vez o golo adversário surgiu depois de um canto a favorecer o Boavista.
Sp. CovilhãxBoavista
(25/01; 16:00) - 15.ª Jornada
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