Equipas prováveis:
Belenenses – Costinha; Sousa, Gaspar, Nivaldo e Rodrigo Alvim; Rúbem Amorim e Mancuso; Cândido Costa, Roma e Silas; Dady
Treinador: Jorge Jesus
Suplentes: Marco Gonçalves, Rolando, Gonçalo Brandão, Pinheiro, Eliseu, Fábio Januário e Manoel
Boavista – William; Bessa, Hélder Rosário, Cissé e Mário Silva; Tiago e Kazmierczak; Zairi, Ricardo Sousa e Zé Manel; Roland Linz
Treinador: Zeljko Petrovic
Suplentes: Peter Jehle, Ricardo Silva, Fernando Dinis, Essame, Lucas, Grzelak e Fary
Depois dos espectaculares 3-0 ao Benfica, o Boavista acabaria por desiludir nas duas jornadas seguintes, somando apenas um ponto no somatório de dois encontros frente a equipas aparentemente acessíveis, com a agravante de a qualidade do seu futebol ter diminuído consideravelmente. Amanhã, pelas 21 horas, os "axadrezados" terão, no sempre difícil Estádio do Restelo, a oportunidade de fazer esquecer os últimos dois jogos e voltar aos níveis de confinça registados após o duelo com o Benfica. Pela frente, terá um Belenenses que ainda não perdeu e que tem mais um ponto conquistado que as "Panteras".
Na conferência de imprensa de ontem, em consonância com o que havia afirmado no rescaldo do empate com a Académica, Zeljko Petrovic deu, claramente, a entender que o "onze" inicial (que foi o mesmo nas quatro jornadas que a Liga até este momento conheceu) poderá sofrer alterações. Uma das mudanças mais prováveis passa pela titularidade de Ricardo Sousa, o que, a verificar-se, implicará ligeiras alterações no sistema táctico: o esquerdino não é um típico médio-interior, mas, sim, um organizador de jogo, pelo que, nas acções ofensivas, terá a tendência para aparecer em zonas mais adiantadas do terreno, em apoio ao ponta-de-lança Linz ou a um dos extremos. A inclusão de Sousa (o qual entrou muito bem frente à Académica, tendo, inclusive, assistido Hélder Rosário para o segundo golo) permitiria emprestar maior criatividade ao meio-campo do Boavista (que, frente ao Setúbal e, até à entrada do sanjoanense, à Académica, denotou imensas dificuldades para fazer a transição do seu jogo para o sector ofensivo, abusando dos passes longos para as alas e para Roland Linz) e maior capacidade para, perante um Belenenses que gosta de resguardar muito bem o último terço do seu terreno, abrir linhas de passe e zonas de penetração nos derradeiros metros do relvado. A confirmar-se a entrada de Ricardo Sousa na equipa, o sacrificado será Kazmierczak ou Lucas (cenário mais provável), sendo que, se Kaz for titular, o polaco jogará com funções ligeiramente diferentes das que tem desempenhado: alinhará ao lado de Tiago no meio-campo mais defensivo (embora com maior liberdade para, fruto do seu forte jogo aéreo, se integrar na manobra ofensiva do que Tiago) e deixará para Ricardo Sousa a responsabilidade de ser o médio mais ofensivo da equipa. No entanto, certamente que Zeljko Petrovic solicitará a Ricardo Sousa que, quando a equipa não tiver a bola em sua posse, recue para o meio-campo, ocupando a meia-direita (se Kaz for titular) ou a meia-esquerda (se Lucas se mantiver na equipa), a fim de que a equipa feche convenientemente os espaços à construção do jogo por banda da formação da casa.
Outras alterações poderão passar pela saída de Ricardo Silva (algo infeliz contra Setúbal e Académica), entrando Bessa para o "onze" e passando Hélder Rosário para o eixo da defesa, e pela inclusão de Zairi, pese embora a menor capacidade defensiva e disciplina táctica do marroquino, em comparação com Grzelak. No entanto, a eventual titularidade, a acontecer, justificar-se-á na perspectiva de fornecer maior imaginação e capacidade de ir à linha para cruzar às faixas do ataque.
Quanto ao Belenenses, Jorge Jesus não deverá alterar o 4-2-3-1 em que tem apostado, com o avançado móvel a Roma a jogar nas "costas" de um ponta-de-lança mais fixo (Dady é o provável titular), de modo a aproveitar os espaços criados no sector defensivo adversário. Outra "nuance" táctica prende-se com a utilização de Silas numa das alas (em princípio, na faixa esquerda), o que lhe permite fazer diagonais para arrastar marcações e, eventualmente, ensaiar o remate ou, em alternativa, abrir espaços na sua rectaguarda para propiciar as subidas do lateral (Rodrigo Alvim). À atenção, portanto, do lateral-direito do Boavista (Bessa ou Hélder Rosário) e, também, do extremo que jogar nesse flanco (Zé Manel ou Zairi). No entanto, o BFC pode aproveitar o facto de o Belenenses apenas jogar com um médio de características defensivas (Rúbem Amorim) - não obstante, face ao castigo de José Pedro, Jorge Jesus poder optar por lançar Pinheiro (médio com grande capacidade de recuperação de bola) em vez de Mancuso (que é um "playmaker", mais à semelhança de José Pedro) - para tentar "partir" a equipa do Restelo em dois blocos (o defensivo e o ofensivo) com grandes dificuldades de ligação e, assim, ter mais posse de bola e dominar o encontro.
Para o encontro de amanhã, em que uma vitória seria extremamente importante, o Boavista terá de apresentar uma melhor ligação entre os diversos sectores, efectuando desdobramentos ofensivos rápidos e eficazes, como fez frente ao Benfica e nos antípodas do que evidenciou contra Setúbal e Académica, em que recorreu demasiadas frente a um futebol directo. Além disso, é essencial que não repita os erros graves de marcação nas bolas paradas da última jornada e não tenha perdas de bola comprometedoras nos sectores defensivo e intermediário, tendo que, para isso, ser rápido e preciso no capítulo do passe. Por outro lado, é essencial que explore ambas as faixas (e não apenas uma delas, como aconteceu frente à Académica, em que canalizou quase todos os seus ataques pelo flanco direito) com grande profundidade, procurando chegar às proximidades da linha final para efectuar cruzamentos e passes atrasados que tragam grandes dificuldades aos centrais adversários. Todavia, como também houve aspectos positivos a reter do último jogo, será fundamental que os jogadores do Boavista apresentem a mesma garra e a mesma vontade, do primeiro ao derradeiro minuto do encontro, que evidenciaram na recepção à Académica.
FORÇA BOAVISTA!!!
Equipas prováveis:
Boavista - William; Hélder Rosário, Ricardo Silva, Cissé e Mário Silva; Tiago; Ricardo Sousa e Kazmierczak; Zé Manel, Roland Linz e Grzelak
Treinador: Zeljko Petrovic
Outros convocados: Khadim, Bessa, Fernando Dinis, Essame, Lucas, Zairi e Fary
Académica - Pedro Roma; Sonkaya, Litos, Medeiros e Lino; Pavlovic, Roberto Brum e Alexandre; Miguel Pedro, Gyano e Hélder Barbosa
Treinador: Prof. Manuel Machado
Outros convocados: Douglas, Káká, Vítor Vinha, Paulo Sérgio, Nuno Piloto, Filipe Teixeira, Sarmento, Nestor Alvarez e Dame N'Doye
O Boavista recebe, hoje à noite, a Académica, num duelo de grandes tradições no primeiro escalão do futebol nacional, face ao historial dos dois emblemas. Depois da inesperada derrota, na última terça-feira, em Setúbal, os "axadrezados" vão querer redimir-se e procurar repetir a excelente actuação frente ao Benfica. Os "estudantes", por sua vez, apesar de ainda não terem ganho, registaram uma melhoria exibicional no seu derradeiro compromisso (empate 1-1 com o Belenenses, em Coimbra).
Para o encontro de hoje, é bastante provável que Zeljko Petrovic opere algumas mudanças na equipa, no sentido de dar maior criatividade à manobra ofensiva do Boavista. Nesse sentido, Ricardo Sousa surge como uma hipótese muito consistente, rendendo Lucas. O BFC passaria, assim, a actuar num 4-3-3 com nuances diferentes das que apresentou nas três primeiras partidas do campeonato, uma vez que, quando tiver a bola, é Ricardo Sousa que sobe no terreno para jogar no apoio ao ponta-de-lança Linz, ficando Kazmierczak com menos liberdade para os movimentos de ruptura sem bola. Além disso, passaria a ser pedida uma maior capacidade de sacrifício a Zé Manel, que teria de auxiliar o lateral-direito nas tarefas defensivas, já que o flanco direito deixaria de contar com o "suporte" conferido por Lucas Quando a posse do esférico for perdida para o adversário, será essencial que Ricardo Sousa seja tacticamente disciplinado e recue para o vértice direito do meio-campo, de modo a impedir que a Académica disponha de tempo e espaço para construir o seu jogo de forma apoiada. A outra possível mudança poderá passar pela inclusão de Bessa (lateral-direito de raiz, mais ofensivo do que Hélder Rosário), o que implicaria a saída de um dos centrais (Ricardo Silva ou Cissé), que não se destacaram pela positiva em Setúbal, passando Hélder Rosário para o eixo defensivo, ou, mesmo, do próprio Hélder Rosário.
Quanto à Académica, face à ausência de Gelson (que actuou como segundo ponta-de-lança, nas "costas" de Gyano, frente ao Belenenses), é provável que o prof. Manuel Machado (que gosta que as suas equipas controlem o sector intermediário do terreno) opte por mudar o 4-2-3-1 para um 4-3-3 com um meio-campo reforçado pela entrada de Alexandre (médio incansável na luta pela recuperação da bola) ou de Nuno Piloto. No entanto, também não é de descartar a possibilidade de o técnico academista lançar o criativo Filipe Teixeira (que, assim, seria o responsável pela organização do jogo ofensivo da formação coimbrã) ou Nestor Alvarez, que actuaria com funções semelhantes às de Gelson, no apoio a Gyano. Na frente, Hélder Barbosa e Miguel Pedro são dois extremos rapidíssimos e irreverentes (à atenção, portanto, da defensiva boavisteira) e Gyano deverá ser a referência, muito embora possa ser relegado para o "banco", caso Manuel Machado, jogando no 4-3-3 atrás referido, se decida pela inclusão de um avançado mais móvel (Nestor Alvarez). Dame N'Doye, avançado muito possante, também "espreita" a titularidade.
Num encontro que se antevê de grande dificuldade, não só devido aos bons valores que existem no plantel da Académica, mas também face à inteligência táctica de Manuel Machado, que, jogando fora de casa, procura sempre dar consistência a meio-campo às suas equipas, para, depois, lançarem perigos e oportunos contra-ataques (foi, precisamente, o que aconteceu quando o Boavista recebeu, na época passada, o Nacional - anterior equipa do treinador minhoto), a "Pantera" terá de ter a mesma atitude competitiva do último desafio disputado em casa, sabendo fechar os espaços ao adversário e sair para o ataque com transições rápidas e eficazes. Terá de corrigir os erros cometidos em Setúbal, procurando explorar ambas as faixas na sua iniciativa ofensiva e apresentar criatividade no meio-campo, ao invés de recorrer a lançamentos longos directamente para o ponta-de-lança, o que facilitaria imenso a tarefa aos dois centrais academistas (e Litos - um regresso muito especial ao Bessa - é um especialista no jogo aéreo). Além disso, os elementos do sector defensivo terão de apresentar uma total concentração durante os 90 minutos da partida, já que o golo sofrido na terça-feira resultou de uma desatenção generalizada da defesa. Não esquecer, também, que muito do jogo ofensivo da Académica passa pelos dois extremos (Hélder Barbosa e Miguel Pedro) e, portanto, será essencial que a sua zona de acção seja encurtada ao máximo, de modo a impedir que os mesmos penetrem na grande área ou tirem cruzamentos para o ponta-de-lança (Gyano/Nestor/Dame). Caso a Académica jogue no 4-2-3-1 dos últimos encontros, o Boavista terá de ter muita atenção às segundas bolas (já que, nesse esquema, a Académica joga com um avançado móvel nas "costas" de um ponta-de-lança mais fixo).
Para terminar, apesar de a hora do jogo não ser muito convidativa, o Notícias do Bessa apela aos boavisteiros que compareçam em excelente número no Estádio do Bessa Século XXI, a fim de apoiarem a equipa num duelo em que a conquista dos três pontos é extremamente importante.
FORÇA BOAVISTA!!!
Vit. Setúbal - João Paulo; Janício, Hugo, Auri e Nandinho (Adalto, ao intervalo); Binho e Sandro; Ademar (Veríssimo, aos 80min), Julien e Bruno Ribeiro (Amuneke, aos 39min); Varela
Treinador: António Conceição (Toni)
Boavista - William; Hélder Rosário, Ricardo Silva (Marcos António, aos 84min), Cissé e Mário Silva; Lucas (Fary, aos 61min), Tiago e Kazmierczak; Zé Manel, Roland Linz e Grzelak (Zairi, aos 61min)
Treinador: Zeljko Petrovic
O Boavista perdeu ontem por 1-0 em Setúbal, num estádio que começa a ser algo "traumático" para os "axadrezados". O BFC até construiu mais oportunidades de golo que o adversário e acabou por ser "traído" por uma falha generalizada da defesa num contra-ataque sadino (após um canto a favor do Boavista), mas também não deixa de ser verdade que, embora organizada no terreno (sobretudo a meio-campo), a equipa do Boavista não teve a acutilância necessária nas alas (Zé Manel foi mal auxiliado por Lucas e as suas constantes diagonais de apoio ao ponta-de-lança retiraram profundidade ofensiva ao flanco direito e Grzelak, depois de uma boa entrada no jogo, acabou por se "apagar") nem a criativiade necessária no meio-campo para conseguir "inventar" espaços frente a uma equipa que povoou muito as imediações da grande área (ao contrário do que aconteceu com o Benfica e, por isso, o Boavista dispôs de menos espaços e linhas de passe no seu processo ofensivo). Apenas Kazmierczak teve a "arte" e o "engenho" para, em algumas situações, fazer, com qualidade, a ligação com o ataque, graças a alguns passes a rasgar e uma ou outra jogada ao primeiro toque, mas o polaco esteve demasiado só na tarefa de fazer a transição ofensiva. Assim, o Boavista recorreu, demasiadas vezes, principalmente após o golo sofrido, ao jogo directo para o ponta-de-lança Linz (que lutou muito, mas foi mal apoiado), o que favorecia os dois centrais do Setúbal, sobretudo Auri, fortíssimo no jogo aéreo. Ou seja, o Boavista não soube aproveitar o "calcanhar de Aquiles" da defesa sadina: a falta de velocidade para travar triangulações rápidas e desmarcações feitas por passes a rasgar.
Zeljko Petrovic, em resposta ao golo do Setúbal, procurou arriscar, prescindindo de um médio (Lucas, que, ontem, não esteve, claramente, bem na função de fazer a transição para o ataque) e lançando um ponta-de-lança (Fary). Também trocou o desinspirado Grzelak por Zairi. O Boavista passou, então, a jogar num 4-4-2 desdobrável, nas acções ofensivas, num 3-2-3-2, com as subidas do lateral-esquerdo Mário Silva e as diagonais de Zé Manel no apoio a Fary e Linz. No entanto, as duas alterações, que geraram algumas expectativas positivas, acabaram por não fazer nada de novo à equipa, já que Zairi complicou demasiado (tentou quase sempre fintar e mostrar bons pormenores técnicos em situações que exigiam soluções mais práticas; além disso, denotou ainda alguma lentidão, fruto, provavelmente, do seu menor ritmo competitivo) e Fary não se conseguiu assumir como um segundo ponta-de-lança para jogar atrás de Linz, na tentativa de aproveitamento das segundas bolas e dos espaços abertos pelo austríaco. É certo que Fary acabou por ser "vítima" do jogo directo da equipa, mas não mostrou a clarividência suficiente para dar maior "poder de fogo" ao ataque. Já na fase final do jogo, numa altura em que o Setúbal actuava com três centrais, dois laterais e dois trincos (Sandro e Binho) muito recuados, Petrovic, para o "pressing" final, fez entrar mais um atacante (Marcos António) para o lugar de Ricardo Silva, porém, o melhor que Marcos conseguiu fazer foi um remate forte, mas muito por cima do alvo.
Contudo, não se pode "culpar" apenas os sectores intermediário e ofensivo pela derrota de ontem. A defesa não esteve bem, o que foi visível no lance do golo. Se Ricardo Silva manteve a segurança e autoridade habituais e Mário Silva, pese embora não ter aparecido ao segundo poste para impedir Julien de marcar, mostrou capacidade no desarme e tentou, várias vezes, auxiliar o ataque, já Cissé esteve algo irreconhecível (atrapalhou-se em diversas ocasiões, ou seja, não evidenciou a segurança e a eficácia de acção que o caracterizam) e Hélder Rosário alternou algumas subidas profícuas no ataque (foi por duas vezes à linha para cruzar atrasado e, nessas duas ocasiões, o Boavista, por intermédio de Kazmierczak, esteve pertíssimo do golo) com evidentes dificuldades para travar o rápido esquerdino Amuneke.
TODAVIA, NEM TUDO FOI MAU...
Para quem viu o jogo, é óbvio que o Boavista, em termos exibicionais, esteve muito longe da actuação plena de classe da jornada anterior. Contudo, também é evidente que a haver um vencedor ontem à noite teria de ser o BFC. Embora só a espaços o Boavista tenha praticado bom futebol, com algumas jogadas de envolvimento, visando as faixas, interessantes, os "axadrezados" criaram ocasiões de golo flagrantes e, quiçá, suficientes para justificarem a vitória ou, pelo menos, o empate. Kazmierczak, por duas vezes (a última das quais no "cair do pano"), Cissé (num cabeceamento, na sequência de um canto, só travado, sobre a linha, por Adalto) e Zé Manel (após uma combinação com Grzelak, acabando por rematar à figura de João Paulo) poderiam ter construído outra história para o jogo de ontem. Além disso, convém realçar que, não obstante ter faltado algum esclarecimento, o Boavista lutou e acreditou sempre que poderia inverter o resultado, uma mensagem claramente transmitida pelas substituições que Petrovic foi efectuando. Uma palavra, também, para William, que efectuou duas intervenções, simplesmente, espectaculares e, tal como aconteceu frente ao Benfica, mostrou segurança sempre que foi chamado a intervir.
A derrota de ontem do Boavista foi, pelo que tinha acontecido contra o Benfica e, também, contra o Sporting, uma desilusão, mas nem por isso se deve deixar de ter confiança nesta equipa. É evidente que foi preocupante ver a falta de ideias da equipa para, quando o Setúbal se remeteu para os últimos metros do terreno, construir um volume de jogo ofensivo capaz de municiar Linz em boas condições. Kazmierczak foi o único que tentou "remar contra a maré", já que Grzelak esteve abaixo do que pode e sabe fazer e Zé Manel não teve espaços. No entanto, convém não esquecer que, perante equipas que joguem com as linhas mais recuadas, o Boavista poderá ter em Ricardo Sousa (que cumpriu ontem o segundo e último jogo de castigo)um criativo capaz de abrir espaços e "desenhar" aberturas para o trio ofensivo. Por isso e porque a equipa mostrou, frente ao Benfica, que tem qualidade e ainda estamos numa fase muito precoce da época (Petrovic só leva três semanas de trabalho), a derrota de ontem, apesar de algo inesperada e perfeitamente evitável, não pode fazer esmorecer a confiança em torno desta equipa.
Equipas prováveis:
Vit. Setúbal - Marco Tábuas; Janício, Hugo, Auri e Nandinho; Binho, Sandro e Bruno Ribeiro; Varela, Lourenço e Amuneke
Treinador: António Conceição (Toni)
Boavista - William; Hélder Rosário, Ricardo Silva, Cissé e Mário Silva; Lucas, Tiago e Kazmierczak; Zé Manel, Roland Linz e Grzelak
Treinador: Zeljko Petrovic
Suplentes: Peter Jehle, Bessa, Fernando Dinis, Essame, Zairi, Marcos António e Fary
Dez (!) dias depois da goleada imposta ao Benfica, o Boavista regressa, hoje à noite, à competição na BwinLiga, defrontando um europeu Vitória de Setúbal, que vem de uma série de maus resultados (com destaque para a pesada derrota com o Heerenveen), a qual valeu a mudança de treinador: saiu Hélio, entrou Toni.
Para o sempre "quente" duelo no Estádio do Bonfim (onde os "axadrezadas" experimentaram um sabor agridoce na última época, face à vitória por 2-0 na Liga e à derrota, após prolongamento, por 2-1 na Taça, num encontro em que os sadinos venceram de uma forma muito polémica), Zeljko Petrovic deverá manter o "onze" que tão boa conta deu de si não só diante do Benfica, como também, apesar da derrota, na primeira jornada em Alvalade. O 4-3-3 será o esquema táctico, com Kazmierczak a ter a função de surgir nas "costas" do ponta-de-lança Linz nas iniciativas ofensivas (de modo a aproveitar as segundas bolas e os espaços vazios no último reduto adversário) e os dois extremos (Zé Manel e Grzelak) com várias tarefas: dar profundidade às duas faixas (algo que Petrovic, por ser um treinador da escola holandesa, preconiza), efectuarem diagonais de apoio a Roland Linz e, sempre que necessário, ajudarem a emprestar consistência ao meio-campo. No "banco", sentar-se-ão jogadores como Zairi e Fary, que podem criar desequilíbrios (no caso do primeiro) e dar ainda maior "poder de fogo" ao ataque (no caso do senegalês), podendo, por isso, ser lançados na fase decisiva da partida, se o resultado não agradar à "Pantera".
Quanto ao Vitória de Setúbal, não obstante Toni ter afirmado que, pelo pouco tempo de trabalho que tem com o plantel, não pretende fazer grandes alterações, os maus sinais dados pela equipa na quinta-feira, sobretudo nas faixas do ataque e no sector defensivo, podem levar a mudanças. Parece quase certo que, mesmo que o "onze" que iniciou a partida com o Heerenveen se mantenha, a equipa sadina vai abandonar o 4-4-2 "losango" para regressar ao 4-3-3 (desdobrável em 4-2-3-1). Assim sendo, Adalto passará de médio-interior esquerdo para éxtremo no flanco canhoto ou será substituído pelo nigeriano Amuneke, menos disciplinado tacticamente nas tarefas defensivas, mas mais acutilante no processo ofensivo e na criação de desequilíbrios. Lourenço, embora seja o "favorito" para ocupar o posto mais adiantado do ataque, pode ver a sua titularidade ser colocada em causa por M'Bamba. Na formação setubalense, merecem especiais cuidados a mobilidade, garra e abnegação do irrequieto Varela (um jogador incómodo para qualquer sector defensivo), o bom jogo aéreo do central Auri (o que lhe permite, além de ser o grande "esteio" da defesa, subir, em lances de bola parada, com grande perigo para as redes contrárias) e a boa capacidade ofensiva dos dois laterais (Janício e Nandinho), alargando, assim, a frente de ataque do Setúbal.
Ter a mesma atitude, organização e capacidade de desdobramento nas transições ofensivas, sem descurar a segurança do sector defensivo (bem liderado por Cissé no último jogo) serão predicados fundamentais para que o Boavista possa trazer de Setúbal os três pontos e, dessa forma, passar a integrar o grupo dos segundos classificados na Liga, além de aumentar ainda mais a moral da equipa e de toda uma massa associativa neste início de temporada. O Boavista terá de ser superior ao adversário no meio-campo, terá de saber explorar o facto de os dois laterais adversários (principalmente Janício) serem ofensivos para criar espaços nas faixas e, assim, zonas de penetração e os cincos elementos do sector defensivo (William e os quatro defesas) deverão mostrar a mesma coordenação e tranquilidade para saber anular a iniciativa ofensiva adversária, tal como aconteceu contra o Benfica e nos antípodas do que se passou em Alvalade (em que os três golos do Sporting surgiram na sequência de falhas defensivas). Todos os boavisteiros acreditam nesta equipa, que, se triunfar hoje, consegue uma importante dinâmica de vitória.
FORÇA BOAVISTA!!!
Boavista - William; Hélder Rosário, Ricardo Silva, Cissé e Mário Silva; Lucas, Tiago e Kazmierczak; Zé Manel (Zairi, aos 90min) e Rafal Grzelak (Bessa, aos 84min); Roland Linz (Fary, aos 76min)
Treinador: Zeljko Petrovic
Benfica - Quim; Nélson, Luisão, Anderson e Léo; Petit e Katsouranis (Mantorras, aos 82min); Rui Costa (Nuno Assis, aos 65min); Manú, Nuno Gomes e Miguelito (Kikin Fonseca, ao intervalo)
Treinador: Fernando Santos
Fantástico!!! Serão sempre poucos todos os adjectivos que utilizemos para definir a prestação do Boavista ontem. Numa noite verdadeiramente espectacular (o Estádio do Bessa Século XXI não conhecia uma noite destas há bastante tempo), a equipa "axadrezada" não se deixou atemorizar pela polémica nos dias que antecederam o jogo nem pelo facto de o adversário ser um candidato ao título e, mesclando garra, querer, disciplina táctica, rapidez, capacidade física e classe, muita classe, superiorizou-se, em todos os capítulos da partida, ao Benfica, construindo um resultado que, em boa verdade, até poderia ter sido ainda mais volumoso, visto que o BFC teve algumas oportunidades flagrantes, para além dos três golos marcados.
Os primeiros minutos de jogo foram de "estudo" mútuo das duas equipas, sem Boavista nem Benfica arriscarem, de modo a não cederem a bola ao adversário em situação comprometedora e, assim, sofrerem um golo cedo. Mas, já nessa fase inicial da partida, notava-se que o Benfica teria imensas dificuldades para construir jogo em boas condições. É certo que se pode apontar a falta de imaginação do seu meio-campo (Katsouranis é, claramente, um médio de marcação e Rui Costa apresentou-se muito lento), no entanto, o mérito principal vai para a excelente organização táctica do Boavista, que conseguiu, principalmente no meio-campo, bloquear todas as linhas de passe ao adversário. Destaque, em termos tácticos (o Boavista jogava no já habitual 4-3-3), para as constantes trocas entre os médios-interiores e os extremos (ou seja, as frequentes diagonais de Zé Manel eram compensadas pelas deslocações de Lucas para o flanco direito e o recuo de Grzelak para o meio-campo, a fim de seguir as subidas de Nélson permitia soltar Kazmierczak para, quando o BFC recuperava a bola, surgir em apoio ao ponta-de-lança Roland Linz), que permitiam ao Boavista manter sempre uma excelente ocupação dos espaços e, assim, eficácia na transição defensiva. No entanto, faltava à equipa maior profundidade pelo flanco esquerdo, recorrendo, em algumas ocasiões, a passes mais longos por parte de Tiago, Ricardo Silva e Lucas para o ponta-de-lança Linz.
BENFICA INOFENSIVO: GRZELAK SOLTA-SE, BOAVISTA CRESCE
Com o passar dos minutos, principalmente a partir dos 20 minutos, o Boavista começava a "crescer" em campo, a sair com muito perigo para o ataque, sem, no entanto, colocar em causa os equilíbrios na sua bem gizada estrutura. Para a maior capacidade ofensiva do "Xadrez" em muito contribuiu o facto de Grzelak se ter "soltado", fazendo uso da sua inteligência e capacidade para, através da finta, sair a jogar em espaços muito fechados. Além disso, Zé Manel, na direita, mostrava uma acutilância e uma velocidade que não se lhe viram durante a pré-época e que faziam lembrar o jogador que, em 2004/2005, foi o melhor do Boavista. Diagonais rápidas, penetrações na grande área (Léo, apesar de ter saído algumas vezes para o ataque, sentia imensas dificuldades perante a rapidez de Zé Manel, bem apoiado por Lucas e, também, por Hélder Rosário, embora este, por vezes, tenha exagerado nas fintas) e espírito de sacrifício e luta que faziam "tremer" o sector mais recuado do Benfica. Roland Linz lutou muito, recebeu muitas bolas e conseguiu segurá-las (mesmo estando perante dois centrais fortes fisicamente), abrindo espaços e encontrando colegas em boa posição. Kazmierczak era um apoio precioso, fazendo valer a sua capacidade física para ganhar algumas vezes o esférico ao meio-campo "encarnado" e mostrando boa leitura de jogo na forma como conseguia ver os espaços vazios para ser solicitado pelos companheiros no ataque. O Boavista foi, desta forma, conquistando uma superioridade cada vez mais acentuada.
Não foi, por isso, uma surpresa que o Boavista tenha inaugurado o marcador pouco depois da meia-hora. E a forma como o fez foi, simplesmente, espectacular. Ricardo Silva fez o passe longo para Linz e este, depois de ter recebido o esférico com o peito, rematou de primeira com o pé direito sem quaisquer hipóteses para Quim. Um golo de belo efeito, "à ponta-de-lança".
Não obstante, no quarto-de-hora que restou da primeira parte, o Benfica ter subido ligeiramente no terreno e ter mostrado a intenção de pressionar mais o BFC, a verdade é que, até ao intervalo, foi o Boavista a equipa mais próxima de voltar a marcar. Primeiro, Kazmierczak, que se isolou perante Quim mas não conseguiu desfeitear o guarda-redes internacional português (num lance que originou alguns protestos, que chegaram a roçar a violência, por banda dos jogadores do Benfica, visto que Léo estava caído no relvado, mas foram protestos sem qualquer fundamento, pois os jogadores da formação lisboeta ainda tentaram um ataque quando Léo já estava deitado no campo). Na segunda ocasião flagrante, Zé Manel, com uma excelente iniciativa, passa por Miguelito e Léo, já dentro da grande área, perto da linha final, passa atrasado a Lucas, que, com o pé esquerdo, rematou forte, mas demasiado à "figura" de Quim, que conseguiu desviar para canto. O público afecto ao Boavista (muito bem no apoio à equipa, diga-se de passagem) vibrava na expectativa de ver o 2-0 no marcador.
APÓS O INTERVALO, O BENFICA CRIA ALGUM PERIGO, MAS RAPIDAMENTE O BOAVISTA VOLTA AO COMANDO DO JOGO
Ao intervalo, na tentativa de dar maior agressividade ao ataque, Fernando Santos substituiu o nofensivo Miguelito pelo ponta-de-lança Kikin Fonseca. O treinador do Benfica pedia, assim, maior capacidade ofensiva a Léo (que teria de fazer todo o corredor esquerdo), jogando com Nuno Gomes ligeiramente descaído para a esquerda, no apoio a Fonseca. E a verdade é que o avançado mexicano conseguiu, a dada altura, pressionar a defesa do Boavista, o que permitiu que o Benfica ganhasse alguns cantos e estivesse próximo de marcar por intermédio Luisão (que apareceu livre de marcação perante William) e, logo a seguir, por Anderson, na sequência de um canto.
Todavia, foi "sol de pouca dura" para o Benfica. O Boavista rapidamente voltou a estabilizar-se, com o sector defensivo (que teve em Cissé, intransponível no jogo aéreo, tal como Ricardo Silva, e veloz e inteligente nas dobras, um verdadeiro patrão) a conseguir interceptar todos os cruzamentos efectuados pelos laterais do Benfica (já que, jogando de forma apoiada, a turma visitante não conseguia penetrar, graças à consistência do Boavista a meio-campo), contando, para isso, com o auxílio de Kazmierczak, que, nesse período, desceu muitas vezes para auxiliar os dois centrais. Assim, perante o bloqueio do processo ofensivo benfiquista, o Boavista voltava a crescer e, com transições rápidas e totalmente eficazes, envolvendo os laterais, os médios-interiores, os extremos e, por vezes, o próprio Linz, aproximava-se perigosamente da baliza de Quim. É certo que para isso também contou com a insegurança e falta de velocidade dos dois centrais (Anderson e Luisão), que permitiram recuperações de bola, seguidas de penetrações, de Zé Manel, Grzelak e Kazmierczak. Aliás, os dois centrais "encarnados" recorram várias vezes à falta, se bem que nem todas as infracções tivessem sido assinaladas por João Ferreira nem, mesmo quando era marcada a falta, seguidas da correspondente penalização disciplinar (comparando, também, com o critério que presidiu às admoestações, em nossa opinião exageradas, de Ricardo Silva e de Hélder Rosário). Entretanto, Nuno Gomes, após uma entrada violenta, com o pé levantado a acertar em cheio na canela direita de Tiago. O número 21 do Benfica viu o segundo cartão amarelo, quando a exibição do cartão vermelho directo teria sido mais justa.
Perante este cenário (já Fernando Santos trocara o desinspirado Rui Costa por Nuno Assis, que, porém, nada acrescentou, mostrando-se demasiado confuso e complicado nos processos), foi com naturalidade que o Boavista, a cerca de um quarto-de-hora do final, chegou ao segundo golo e praticamente resolveu a partida, novamente num momento de grande espectáculo. Após um canto marcado por Grzelak e interceptado por Luisão, Lucas, após aguardar que o polaco se colocasse em posição legal, desmarca o esquerdino na direita. Grzelak, com um excelente trabalho, finta Léo por duas vezes e centra para o "coração" da grande área, onde aparece Linz, para, num golpe de cabeça colocado, "bisar" e levar os boavisteiros ao delírio. Era o corolário perfeito para uma fantástica exibição do avançado austríaco, que fez tudo (e mais alguma coisa...) que se pedia a um ponta-de-lança: além de marcar golos, soube receber as bolas endossadas pelos colegas do meio-campo, abrir espaços e desmarcar companheiros no sector ofensivo. Linz esteve, verdadeiramente, em grande, com dois belos golos e mostrando que, além de um bom finalizador, é um ponta-de-lança inteligente na forma como joga com a equipa e evoluído tecnicamente. Pouco depois do segundo tento, o número 29 do BFC foi substituído por Fary, ouvindo a merecida ovação por parte dos adeptos da "Pantera".
MINUTOS FINAIS: O DOMÍNIO MANTÉM-SE
O segundo golo de Linz teve o "condão" de retirar toda a réstia de serenidade ao Benfica, que se revelou uma equipa demasiado confusa, nos minutos finais, para, sequer, marcar um golo. Fernando Santos ainda lançou Mantorras, saindo Katsouranis, para tentar trazer algo de novo à sua equipa, mas foi o Boavista que, cada vez mais confiante e rápido nas saídas para o ataque, ameaçava marcar. Zeljko Petrovic, lendo bem o jogo, retirou o exausto Grzelak e fez entrar o lateral-direito Bessa, de modo a assegurar que o BFC, jogando agora com três centrais (Hélder Rosário, Ricardo Silva e Cissé) para os dois avançados do Benfica, não corresse o risco de conceder o mínimo de espaço para o ataque visitante.
O terceiro golo foi o prémio justo a confirmar a goleada. Numa altura em que o Boavista conseguia efectuar bonitas triangulações com uma aparente facilidade, Kazmierczak fechou a "contagem" com uma execução, simplesmente, genial. Mário Silva, numa das suas frequentes "aventuras" ofensivas pelo flanco esquerdo, vê o médio polaco desmarcado em posição frontal e endossa-lhe o esférico. Kazmierczak recebe com o pé direito e, de imediato, vê o posicionamento de Quim e, com um toque de classe com o pé canhoto, coloca a bola fora do alcance do guarda-redes do Benfica.
DESESPERO BENFIQUISTA CULMINA EM VIOLÊNCIA...
O terceiro golo do Boavista era a "estocada" final no Benfica. Com mais um jogador e uma vantagem folgada no marcador, perante a euforia dos seus adeptos, o Boavista procurava, nos três minutos de compensação, brindar o público com triangulações e saídas rápidas para o ataque, na esperança de fazer o quarto golo (que talvez desse uma dimensão mais justa ao resultado), aproveitando, também, a entrada do fantasista Zairi (que rendeu Zé Manel, também muito ovacionado), que se estreava em jogos oficiais com a camisola do Boavista. No entanto, os jogadores "axadrezados" acabaram por ser vítimas da falta de "fair-play" dos futebolistas do Benfica, já que Lucas, quando se preparava para solicitar Zairi, na esquerda, sofreu uma entrada duríssima de Manú, que se projectou apenas com o intuito de derrubar o jogador do Boavista. É certo que Manú parece não tocar em Lucas, mas a violência do lance é mais do que suficiente para justificar algo mais que o cartão amarelo que o extremo-direito do Benfica viu (que acabou, porém, por ter o mesmo efeito de um cartão vermelho, pois era o segundo cartão visto por Manú). Petit, também de "cabeça perdida", tem uma atitude inqualificável: encosta a cabeça à do árbitro, com a intervenção de Luisão a evitar ocorrências mais graves. Petit, tal como Manú, foi penalizado com a exibição do segundo cartão amarelo e consequente expulsão. Pouco depois, em mais uma iniciativa ofensiva do Boavista, Nélson, quando Mário Silva tinha a bola nos pés, projecta-se, também, a destempo sobre o jogador do Boavista, valendo o facto de Mário Silva ter sido rápido a sair da finta e a soltar a bola, evitando o contacto com Nélson.
O encontro terminava instantes depois com a explosão de alegria e a entrondosa (e totalmente merecida) ovação por parte dos adeptos do Boavista, que viram os "axadrezados" regressar Às grandes noites no seu estádio, com uma exibição plena de personalidade, vontade, organização e esforço.
DESTAQUES INDIVIDUAIS
Após uma actuação como a de ontem, em que a equipa funcionou como um verdadeiro bloco quer a defender, quer a atacar, todos os jogadores do Boavista se destacaram pela positiva. No entanto, há alguns pormenores e aspectos que consideramos importante realçar. Depois de termos salientado a fantástica actuação de Linz, pelos dois golos que marcou e por todo o importante trabalho realizado, é importante destacar que Kazmierczak foi, provavelmente, o melhor em campo, a par, obviamente, com o avançado austríaco. De facto, o médio polaco fez de quase tudo: soube dar consistência ao meio-campo (recuperando imensas bolas), combinar com Grzelak, lançar o ataque e aparecer no apoio a Linz, o que lhe valeu aparecer, em diversas ocasiões, para além da que deu o terceiro golo, em situação privilegiada para alvejar a baliza de Quim. Além disso, Kaz foi um importante auxílio aos dois centrais no período em que o Benfica mais atacava (ou esboçava atacar). Foi, aliás, do seu pé esquerdo que surgiu a primeira oportunidade do encontro: após um lançamento lateral na esquerda, Linz consegue segurar a boa e, de calcanhar, solicitar Kazmierczak, que, de primeira, rematou para Quim afastar com dificuldade. Também criou muito perigo num cruzamento-remate à passagem dos vinte minutos, em mais uma ocasião na qual mostrou inteligência para procurar os espaços vazios nas desmarcações pela esquerda do ataque do BFC.
Grzelak também participou em diversas tarefas, mostrando, jogo após jogo, que parece ser um extremo completo. Ajudou Mário Silva e Kazmieczak a fechar, definitivamente, os caminhos para a baliza do Boavista pelo flanco esquerdo, recuperou muitas bolas quer no "miolo", quer no flanco esquerdo (daí que algumas saídas para o ataque se tenham iniciado nos seus pés), e. com o desenrolar do jogo, foi-se "soltando" e mostrou que dispõe de um conjunto de recursos em termos técnicos que lhe permitem abrir espaços. O lance do segundo golo, em que faz o que quer de Léo, é elucidativo.
Zé Manel está, como atrás referimos, transfigurado para melhor relativamente à pré-época. Tal como fazia em 2004/2005, o ex-pacense correu quilómetros, penetrou algumas vezes no último reduto adversário, fez diagonais importantes no auxílio ao ponta-de-lança e trabalhou imenso, o que lhe valeu algumas recuperações de bola importantes e um efectivo apoio ao meio-campo e ao lateral Hélder Rosário quando a equipa não tinha a bola. Além disso, a qualidade técnica que lhe permite participar nas transições rápidas e em triangulações mantém-se.
Lucas, apesar de nem sempre ser preciso no passe, foi, também, um jogador importante. Não obstante a sua acção não ser tão "vistosa" como a de jogadores como Kaz, Linz, Zé Manel e Grzelak, mostrou grande disciplina táctica e espírito de sacrifício na forma como "basculou" entre o centro do terreno e o flanco direito, interpretando de maneira perfeita os movimentos dos seus companheiros, o que permitiu à equipa manter sempre a solidez e o equilíbrio.
Tiago, tal como Lucas, também foi um "batalhador", revelando-se a sua acção de crucial importância para o sucesso da equipa no encontro de ontem. Anulou completamente Rui Costa e Nuno Assis e, graças a isso e a uma grande estabilidade na forma como ocupou os espaços no seu raio de acção, impediu o Benfica de explorar o corredor central e foi um ponto de equilíbrio da equipa.
Cissé foi um verdadeiro "pilar" no sector defensivo. Esteve fortíssimo no jogo aéreo, como é seu tímbre, e não cometeu as falhas de marcação do encontro de Alvalade. A sua acção teve, também, crucial importância nas dobras a Ricardo Silva (que, por vezes, é "traído" por alguma falta de velocidade, que ontem foi compensada pela actuação de Cissé).
Mário Silva não teve grandes problemas perante Manú e Nélson (contando com o auxílio de Grzelak), efectuando alguns desarmes importantes e detendo alguns cruzamentos. Aproveitou, também, sobretudo a partir da segunda parte, para subir pelo seu flanco, protagonizando dois lances de relevo: o primeiro numa combinação com Kaz que culminou num perigoso remate cruzado de Mário Silva e, no segundo, fez o passe para o terceiro golo do BFC. Uma boa exibição do lateral formado no Boavista.
É igualmente justo salientar a segurança evidenciada por William. Apesar de não ter tido muito trabalho, a verdade é que o William cumpriu sempre que teve de intervir, concretamente ao defender um remate de Luisão (que estava em boa posição) e ao blocar sempre a bola quando o Benfica cruzava para a grande área.
Para terminar, ficam os parabéns a todos os jogadores do Boavista e à equipa técnica liderada or Zeljko Petrovic (não poderia ter tido melhor estreia... a ambição que revelou no seu discurso durante a semana foi colocada em campo pela equipa) pelo fantástico jogo de ontem, uma noite de sonho para todos os boavisteiros!
Equipas prováveis:
Boavista - William; Hélder Rosário, Ricardo Silva, Cissé e Mário Silva; Lucas, Tiago e Kazmierczak; Zé Manel, Roland Linz e Grzelak
Treinador: Zeljko Petrovic
Outros convocados: Khadim, Bessa, Fernando Dinis, Essame, Nuno Pinto, Hugo Monteiro, Zairi e Fary
Benfica - Quim; Nélson, Luisão, Anderson e Léo; Petit e Katsouranis; Manú, Rui Costa e Miguelito; Nuno Gomes
Treinador: Fernando Santos
Outros convocados: Moreira, Alcides, Ricardo Rocha, Beto, João Coimbra, Nuno Assis, Mantorras e Kikin Fonseca
O Estádio do Bessa Século XXI recebe, dentro de algumas horas, o seu primeiro clássico nesta BwinLiga 2006/2007, num jogo marcado, também, pela estreia de Zeljko Petrovic em partidas oficiais como treinador do BFC.
Apesar da derrota na primeira jornada, é muito provável que o técnico montenegrino mantenha o mesmo "onze" utilizado por Pedro Barny em Alvalade, dada a boa resposta da equipa, sobretudo na primeira parte, conseguindo bloquear o sector mais forte do Sporting (o meio-campo), que é, simultaneamente, um dos melhores do país. Mesmo a defesa, que registou, principalmente no eixo e no flanco esquerdo, algumas falhas, deverá manter-se, pese embora Petrovic possa apostar em Bessa para lateral-direito, passando Hélder Rosário para o centro (descaído para a esquerda), no lugar de Cissé. Na frente, o trio formado por Zé Manel (autor de dois golos frente ao Sporting), que poderá criar desequilíbrios e abrir zonas de remate com as suas diagonais de apoio ao ponta-de-lança, Roland Linz (que terá a árdua tarefa de fugir à marcação dos centrais Luisão e Anderson e de segurar a bola para solicitar as entradas de companheiros vindos de trás, tendo, para isso, de ganhar o duelo físico aos centrais benfiquistas) e Grzelak (que poderá ser uma importante mais-valia no apoio, nas tarefas defensivas, ao lateral Mário Silva, de modo a evitar que a velocidade de Manú e de Nélson crie espaços no último reduto "axadrezado", em princípio, também não sofrerá alterações. No entanto, é possível que Zairi, não obstante não estar, ainda, nas melhores condições físicas nem devidamente entrosado com o resto da equipa, seja titular (embora não seja um cenário muito provável) ou seja lançado por Petrovic no decorrer do jogo, talvez se o Boavista tiver de "correr" atrás do resultado ou se o encontro estiver equilibrado, aproveitando o desgaste dos dois laterais do Benfica para abrir zonas de penetração. Nesse caso, Grzelak ou, mesmo, Kazmierczak (passando Grzelak para médio-interior esquerdo) seriam os sacrificados. No meio-campo, onde Tiago será o elemento mais recuado, Lucas e Kazmierczak (ou Grzelak) os interiores e responsáveis pelo transporte de jogo para o ataque (visando, sobretudo, as faixas do ataque), além de que Kaz terá uma missão importante nos movimentos "rectilíneos" de apoio ao ponta-de-lança, aproveitando a sua capacidade física e poder no jogo aéreo para ganhar as segundas bolas perante dois centrais adversários igualmente poderosos nos dois aspectos atrás referidos. Aliás, será no sector intermediário que o jogo poderá começar a ser decidido, com destaque para o duelo entre Tiago e Rui Costa. De facto, o número 66 do BFC (que envergará a braçadeira de capitão) terá um conjunto de missões fundamentais no encontro de hoje. Por um lado, terá de procurar anular Rui Costa, o vértice mais adiantado do meio-campo benfiquista (já que o Benfica jogará em 4-2-3-1). Se o conseguir, neutralizará aquele por quem passará, certamente, quase todo o jogo ofensivo do Benfica, impedindo que sejam feitos passes a rasgar a solicitar a capacidade de desmarcação de Nuno Gomes ou aberturas para as alas, e jogadores como Petit e, mesmo, Katsouranis passarão a ter um papel mais determinante na construção do jogo benfiquista, dispondo, assim, de menos disponibilidade para as tarefas defensivas, o que poderá trazer alguns desequilíbrios no último terço do terreno dos visitantes. Por outro lado, Tiago, enquanto "ponto de equilíbrio do meio-campo" terá de estar atento às movimentações no sector defensivo do Boavista, de modo a poder fazer as devidas compensações, e, com a bola nos pés, terá de ser rápido e seguro para permitir que o Boavista faça a transição de forma eficaz. Além disso, nos lances de bola parada de que o Benfica vai dispor, terá de, tal como Lucas, procurar impedir que o Benfica ganhe as segundas bolas, algo que, por exemplo, falhou no lance que viria a dar o segundo golo ao Sporting, no encontro da primeira jornada.
Todavia, o Boavista não poderá ser, apenas, um equipa preocupada em anular os pontos fortes do Benfica. Terá de, tal como Petrovic preconiza, ser uma equipa pressionante e capaz de dominar o jogo, "empurrando" o Benfica para os últimos metros do terreno e explorando aqueles que serão, provavelmente, os pontos mais fracos do adversário (a comunicação entre os centrais e a falta de velocidade destes), mantendo, no entanto, o equilíbrio defensivo e na ocupação dos espaços, a fim de não conceder veleidades ao Benfica em contra-ataques e perdas de bola no último terço do terreno. Para este importante, difícil e, porque não dizê-lo, apeticível encontro, o Notícias do Bessa pede aos boavisteiros que compareçam em massa no Estádio do Bessa Século XXI e apoiem a equipa, inclusive nas fases mais complicadas do jogo, de forma a que sejam o "12.º jogador" e façam valer o factor casa a favor do Boavista.
Sem querer responder ou iniciar uma polémica com o jornal "Diário de Notícias", o Notícias do Bessa, no sentido de cumprir aqueles que sempre foram os seus objectivos (informar os boavisteiros acerca de tudo o que esteja relacionado com o clube e que esteja na "ordem do dia" e tentar dignificar ainda mais a centenária instituição Boavista Futebol Clube), considera-se no dever de recordar as principais incidências (em termos de decisões das equipas de arbitragem) dos jogos da época 2003/2004 (envolvendo o BFC) referidos na mesma publicação.
Boavista 0 - FC Porto 1 - 9.ª jornada (segunda-feira, 20 de Outubro de 2003):
Na fase inicial da partida, Duda, desmarcado por um passe de Fary, consegue introduzir a bola na baliza defendida pelo guarda-redes Vítor Baía. O árbitro da partida, no entanto, anulou, quando os jogadores do Boavista e o público já comemoravam aquele que seria o tento inaugural da partida, o golo, por indicação errada do árbitro assistente, já que, no momento da assistência, Duda se encontra em posição legal. Ainda na primeira parte, Nuno Valente, quando já tinha cartão amarelo, entrou, por trás, sobre o mesmo Duda, quando este se preparava para, na direita do ataque "axadrezado", penetrar na grande área portista. A falta foi sancionada, mas não foi mostrado o segundo cartão a Nuno Valente. Na segunda parte, o lance (um contra-ataque) que deu origem ao golo do FC Porto (apontado por Alenitchev após jogada, pela esquerda, de Derlei) foi precedido de uma falta sobre Filipe Anunciação à entrada da grande área visitante. Nos minutos finais, ficou uma grande penalidade clara por assinalar sobre Luiz Cláudio.
Boavista 1 - Moreirense 0 - 13.ª jornada (sexta-feira, 5 de Dezembro de 2003):
Num jogo que não registou grandes problemas, os minutos finais, todavia, foram algo conturbados (face aos grandes protestos do público presente no estádio), porquanto, esgotados os quatro minutos de compensação concedidos, a partida prosseguiu (sensivelmente até aos seis minutos de "descontos"), tendo sido assinalados alguns livres à entrada da área do Boavista, na sequência de faltas... inexistentes.
Boavista 1 - Beira-Mar 0 - 19.ª jornada (segunda-feira, 26 de Janeiro de 2004):
O Boavista ficou a jogar com dez jogadores desde uma fase precoce da partida. Mário Loja viu um cartão vermelho directo por uma entrada por trás no último terço do terreno. Contudo, o jogador do Beira-Mar (o holandês Wijnhard) não seguia isolado para a baliza do Boavista.
Boavista 2 - Alverca 1 - 21.ª jornada (segunda-feira, 9 de Fevereiro de 2004):
Foram concedidos sete minutos de compensação (tendo o Boavista apontado os seus dois golos nesse período do encontro), que, manifestamente, até foram escassos, dadas as constantes interrupções que o jogo conheceu. Neste blog, aliás, foi referido o seguinte (na pequena análise publicada no dia seguinte ao da partida): "Após uma vitória tirada a ferros sobre um Alverca que tudo fez para perder tempo, com constantes simulações de lesões, alcançámos o 5.º lugar na Superliga."
Belenenses 1 - Boavista 1 - 24.ª jornada (sábado, 28 de Fevereiro de 2004):
Na curta apreciação que o Notícias do Bessa fez, na crónica do encontro, à arbitragem mencionou-se que "O Boavista ainda tentou a vitória [depois de ter apontado o golo do empate], mas o árbitro Bruno Paixão decidiu exibir o cartão vermelho [directo] ao lateral-esquerdo boavisteiro [n.d.r. Alexander Viveros]. É verdade que a expulsão do jogador colombiano é justa, no entanto, Cafú, ainda na primeira parte, sofreu uma falta semelhante (também quando seguia isolado para a baliza), que não foi assinalada nem sancionada com o respectivo cartão vermelho."
Nota importante: Não pretendemos, de forma alguma, denegrir ou duvidar da seriedade, honestidade e isenção das equipas de arbitragem que intervieram nos jogos referidos, uma vez que, acreditamos, tudo tentaram fazer para preservar a verdade desportiva. Procurámos, sim, recordar, numa altura em que tal nos parece ser extremamente oportuno, os acontecimentos mais relevantes desses mesmos encontros referentes à temporada 2003/2004.
Uma mudança de treinador traz sempre, invariavelmente, alterações na filosofia de jogo, nas concepções e nuances tácticas e nos métodos de trabalho. Depois da transição feita por Pedro Barny, que, como se viu em Alvalade, manteve os mesmos princípios e o mesmo esquema táctico adoptados durante toda a época: um 4-3-3 com um meio-campo forte e consistente, capaz de fechar os espaços ao sector intermediário do Sporting e de fazer a ligação para o ataque, apostando, sobretudo, na abertura do jogo para as alas.
Agora, Zeljko Petrovic, já com uma semana de trabalho e um jogo-treino (por sinal, bastante positivo), terá, daqui a apenas 6 dias, o seu primeiro desafio ao serviço do Boavista e logo um "clássico": a sempre "escaldante" recepção ao Benfica. Petrovic, treinador jovem mas bem conhecedor da escola holandesa, mostra ser, além de exigir trabalho e empenho total a todos os seus pupilos (tal como o anterior treinador do BFC), um adepto de um estilo de jogo pressionante, rápido e ofensivo (o que, se for conseguido com sucesso, se assemelhará muito ao futebol de "alta rotação" praticado pelo Boavista na época histórica do seu título nacional), um pouco nos antípodas do seu antecessor. Resta saber se tal postura da equipa em campo implicará uma alteração no sistema táctico. Para já, tudo indica que assim não será. Aliás, Petrovic já se referiu ao 4-3-3 com uma táctica que deve pressupor uma eficaz exploração das alas no processo ofensivo (algo que, no futebol holandês é uma constante, sendo que o sistema táctico predominante - salvo algumas excepções - é, precisamente, o 4-3-3) No entanto, o facto de o novo técnico "axadrezado" ter, como o próprio afirmou, influências mediterrânicas e balcânicas nas suas concepções, pode levá-lo a "fugir" um pouco dos "ensinamentos" colhidos no "futebol das túlipas". Mas, voltando à ideia anterior, até pela disposição da equipa no jogo-treino de ontem, o 4-3-3, pelo menos contra o Benfica (adversário que, por contar com jogadores como Rui Costa - que necessitará de atenção especial por parte de um "vértice" mais recuado do meio-campo boavisteiro - e Petit, exigirá um sector intermediário consistente ao BFC), deverá ser o esquema eleito. Alterações de fundo no "onze" também não são previsíveis, tanto mais o meio-campo, em Alvalade, soube sempre fechar os espaços e desdobrar-se rapidamente na acção ofensiva (além de que Ricardo Sousa, o médio que poderia ameaçar a titularidade de Lucas, estará ausente por castigo), e, no sector defensivo, a ausência, por lesão, de Leo Tambussi poderá limitar as escolhas de Petrovic, que, assim, deverá manter o mesmo quarteto (pese embora o "calcanhar de Aquiles" do BFC frente ao Sporting ter sido o seu último reduto). A única mudança poderá ser a troca de guarda-redes (William por Jehle), face ao erro que o camoranês cometeu em Alvalade e que deu o terceiro golo ao adversário. Além disso, a utilização Jaouad Zairi, que, quando estiver na sua plenitude em termos físicos, será, com certeza, um forte candidato à titularidade, é pouco provável que aconteça já no sábado. Todavia, como o criativo extremo marroquino jogou ontem em nível frente ao Famalicão, a sua presença no "onze" contra o Benfica, embora improvável, não é um cenário completamente descabido.
Aliás, por falar em Zairi, a contratação do extremo ex-Sochaux acaba por trazer mais uma "dor de cabeça" (agradável, evidentemente) a Petrovic. Se, há cerca de um mês, o problema até era a escassez de soluções para as faixas (Grzelak era o único ala que mostrava regularidade e consistência; Zé Manel, nos jogos de preparação, esteve muito longe de deslumbrar e Hugo Monteiro, não obstante alguns excelentes pormenores, parecia ter na sua relativa inexperiência um óbice à sua utilização como titular durante a época - precisava, pelo menos, de um concorrente à altura, algo que Zé Manel não conseguia ser), agora, com a vinda de Zairi e a fantástica actuação de Zé Manel contra o Sporting, a questão é como encaixar Grzelak, Zairi e Zé Manel no "onze" ou qual dos extremos relegar para o "banco".
Uma das soluções seria mudar de sistema táctico, passando a jogar num 4-2-3-1 semelhante ao da época passada. Assim, Grzelak manter-se-ia na esquerda, Zairi jogaria no apoio ao ponta-de-lança (com a vantagem de, pelos seus 1,81 m de altura, ser um futebolista bastante razoável no jogo aéreo) e Zé Manel na direita (podendo trocar amiúde com Zairi, uma vez que gosta de fazer diagonais para zonas mais interiores de modo a ensaiar o remate ou a triangulação com o ponta-de-lança). Este novo figurino teria a grande vantagem de dar uma grande acutilância e criatividade ofensiva ao Boavista, conferindo espontaneidade e profundidade nos três corredores (esquerdo, direito e central), o que seria particularmente útil na maioria dos encontros em casa, perante equipas que se fecham, com uma grande densidade de jogadores, nos últimos 30 metros do terreno. No entanto, um dos grandes problemas da época passada manter-se-ia: a equipa perderia consistência a meio-campo (apenas o auxílio de Grzelak, que é disciplinado tacticamente e não hesita na hora de recuar para travar a iniciativa atacante do adversário, permitiria trazer algum equilíbrio), uma vez que deixaria de apresentar um vértice mais recuado. Contaria, somente, com dois médios - provavelmente, Kaz e Tiago - a jogar "em linha", o significaria mais dificuldades para Tiago, que teria de participar mais na transição para o ataque (como se sabe, o número 66 do BFC sente-se, claramente, mas à vontade se tiver dois médios muito próximos à sua frente, podendo endossar-lhes o esférico através de passes curtos, com risco mínimo de estes resultarem em perdas de bola comprometedoras), e retiraria a Kazmierczak a possibilidade de subir para as imediações da área adversária para, graças ao seu poderio no jogo aéreo, aproveitar as segundas bolas. E é importante recordar que, na temporada transacta, sempre que jogava em 4-2-3-1, o Boavista baqueou completamente frente a adversários fortes no sector intermediário e que jogavam com as linhas relativamente altas (como o Nacional, o FC Porto e o Benfica), visto que perdia a "batalha" a meio-campo e, desse modo, além de ver o adversário construir ocasiões de golo, não conseguia sair para o ataque em boas condições. Ou seja, a equipa ficava "partida".
Outra alternativa (mantendo Grzelak, Zairi e Zé Manel na equipa titular) pode passar por, sem abdicar do 4-3-3, jogar com Zairi numa das alas e passar Grzelak ou o próprio Zé Manel para médio-interior. No caso do polaco, como este é um jogador extremamente raçudo e bom tacticamente (sabe recuar para defender e fechar os espaços ao adversário), pode ser uma solução bastante profícua, tanto mais que tem vindo a ser testada por Petrovic, mas teria dois grandes inconvenientes: por um lado, a ala esquerda passaria a estar mais desguarnecida no aspecto defensivo (visto que nem Zairi nem Zé Manel são extremos muito habituados a recuar pela sua faixa para ajudar o lateral nas tarefas defensivas, ao contrário do que acontece com Grzelak) e Grzelak não é, propriamente, um médio com vocação para pautar o jogo e fazer aberturas, a longa distância, para as faixas (poderia, no entanto, efectuar um trabalho semelhante ao de Lucas em Alvalade, deixando para Kazmierczak os passes a 30, 40 metros).
A outra opção é prescindir de um dos três extremos, o que, por outro lado, abriria a possibilidade de Ricardo Sousa entrar no "onze". Nesse cenário, Zé Manel, apesar dos dois tentos é Alvalade, poderá ser estar em desvantagem, com o decorrer da temporada, relativamente a Zairi e a Grzelak, pela simples razão de que já ultrapassou os 30 anos, enquanto que Zairi e Grzelak ainda poderão atingir o auge das suas carreiras. Contudo, frente ao Benfica, o mais provável é que seja Zairi a ficar no "banco".
Para manter o ritmo competitivo e, assim, testar a equipa para o encontro do próximo sábado frente ao Benfica, o Boavista deslocou-se, hoje de manhã, ao terreno do Famalicão (formação que milita na II Divisão Nacional) e venceu por 6-1. Num jogo que marcou as estreias de Zeljko Petrovic em jogos do BFC e do fantasista marroquino Jaouad Zairi, os "axadrezados" começaram praticamente a ganhar, com um golo de Cissé, ao qual se seguiram os tentos de Fary (9 minutos), Zé Manel (à passagem do primeiro quarto-de-hora), Lucas (38 minutos), Hugo Monteiro (a fechar a primeira hora de jogo) e Marcos António (70 minutos). Zeljko Petrovic apostou na seguinte equipa:
William; Hélder Rosário, Ricardo Silva, Cissé e Mário Silva; Tiago, Lucas e Grzelak; Zairi, Fary e Zé Manel.
Jogaram também: Pedro Trigueira, Ricardo Neves, Bessa, Fernando Dinis, Essame, Ricardo Sousa, Hugo Monteiro, Nuno Pinto e Marcos António.
Destaque, ainda, para as ausências dos guardiões Peter Jehle e Khadim, do médio Kazmierczak e do ponta-de-lança Roland Linz (ao serviço, respectivamente, das selecções do Liechtenstein, Senegal, Polónia e Áustria) e para a utilização de dois guarda-redes dos juniores: Pedro Trigueira e Ricardo Neves.
Tal como prometido, é com grande prazer que o Notícias do Bessa retoma a sua actividade no início deste mês de Setembro.
Vários acontecimentos "agitaram" a "nação" boavisteira durante o período em que este blog esteve "parado". Destaque principal, obviamente, para a mudança de equipa técnica: confirmaram-se os rumores que davam Jesualdo Ferreira como novo treinador do FC Porto, sendo acompanhado por Carlos Azenha na saída do Estádio do Bessa Século XXI. No entanto, o Boavista reagiu rapidamente e, quando tudo indicava que seria Pedro Barny a assumir o comando técnico (depois de ter dirigido a equipa nos jogos particulares frente à Académica e ao Palermo), o Dr. João Loureiro viajou para Amesterdão e trouxe um novo treinador, o montenegrino de 40 anos Zeljko Petrovic, internacional jugoslavo enquanto jogador (foi, aliás, um dos melhores futebolistas da Jugoslávia nas décadas de 1980 e 1990, actuando, entre outros, em clubes como o Sevilha e o PSV). No seu primeiro desafio como treinador principal numa equipa sénior, Zeljko Petrovic, técnico que conhece muito bem a escola holandesa e que tem experiência a trabalhar com os escalões jovens (foi, aliás, convidado por José Mourinho para integrar a estrutura do futebol de formação do Chelsea), será coadjuvado pelo croata Miodrag Radulovic (treinador-adjunto) e pelo preparador-físico José Vilaça, além de Pedro Barny (que se mantém como "número 2") e do treinador de guarda-redes Luís Matos, que transitam da anterior equipa técnica. A Zeljko Petrovic, o Notícias do Bessa aproveita, agora, para, apesar de não ter tido oportunidade para o fazer na devida ocasiões, desejar as maiores felicidades como treinador do BFC, esperando que a estreia (no próximo dia 9 - sábado - frente ao Benfica) seja marcada com uma vitória.
Outro dos destaques é o primeiro encontro deste novo Boavista na BwinLiga, ainda sob a orientação de Pedro Barny. Não obstante a derrota por 3-2 em Alvalade, os "axadrezados" mostraram que podem protagonizar uma boa época, face à organização táctica (sobretudo no meio-campo, bloqueando, na primeira parte, a acção do sector intermediário do Sporting) e à simplicidade nos processos ofensivos evidenciadas, algo que não deixou de ser, de certa forma, surpreendente, tendo em conta o período de instabilidade que a equipa atravessou, a menos de duas semanas do começo do campeonato.
Para terminar, realce para o último reforço deste Boavista 2006/2007, pelo menos, antes da reabertura do mercado de transferências, em Janeiro: o marroquino Jaouad Zairi, oriundo dos franceses do Sochaux. Dotado de uma capacidade técnica no drible muito acima da média, Zairi, internacional pelo seu país, pode criar desequilíbrios (usando, preferencialmente, o pé direito) a jogar numa das faixas ou nas "costas" do ponta-de-lança. O Notícias do Bessa deseja a Zairi os maiores sucessos ao serviço do nosso clube.
Sp. CovilhãxBoavista
(25/01; 16:00) - 15.ª Jornada
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