Rio Ave - Mora; Zé Gomes, Franco, Idalécio e Miguelito; Mozer, Niquinha, Delson e Junas (Gama, aos 86min); Gaúcho (Saulo, aos 92min) e Evandro
Treinador: Carlos Brito
Boavista Carlos; Nélson, Hélder Rosário, Cadú (André Barreto, aos 80min) e Milhazes (João Pinto, aos 34min); Tiago e Lucas (Flores, aos 72min); Zé Manel, Toñito e Diogo Valente; Hugo Almeida
Treinador: Jaime Pacheco
O Boavista empatou, apoiado por um número bastante razoável de boavisteiros, ontem num dos estádios mais complicados da Superliga. Poderia ter sido melhor este desfecho (que não é, de forma alguma, comprometedor), não fossem as falhas defensivas, que, por momentos, apontavam para o mesmo filme da derrota 3-0 em Braga. Todavia, a equipa mostrou, um vez mais, garra, crer e solidez psicológica para minimizar os estragos dos primeiros 10 minutos da partida. Jaime Pacheco repetiu, pela primeira ocasião nesta temporada, um "onze" inicial em duas jornadas consecutivas. Uma equipa relativamente ofensiva para defrontar um Rio Ave fragilizado pela goleada de Alvalade. Todavia, os minutos iniciais do encontro foram claramente anormais. O Boavista, no primeiro ataque vila-condense no jogo, sofreu o 1-0, na sequência de um pontapé de canto em que a falha de marcação de Milhazes a Evandro e a ausência de um jogador "axadrezado" ao segundo poste (situação recorrente nesta época e que tem valido alguns "desgostos") ditaram mais um tento consentido após lances de bola parada. Porém, se o primeiro golo é minimamente aceitável, o segundo é inadmissível: Cadú aplica, quiçá, demasiada força ao passe para o seu colega do eixo da defesa, contudo, o quinhão das responsabilidades vai para Hélder Rosário, que, com muito tempo para a aliviar a bola, denota um excesso de confiança e acaba por falhar o passe, isolando Evandro, que não enjeita a oportunidade para bisar. As "fífias" defensivas estendem-se a Carlos, que, nas proximidades da sua baliza, decide tentar fintar, perdendo a bola para Gaúcho, que, no entanto, não aproveitou a oferta. O público afecto ao BFC revoltava-se, com toda a razão, na tentativa de "espicaçar" a equipa. E a verdade é que o Rio Ave pouco mais fez ao longo da partida além de procurar fechar as linhas de passe ao meio-campo ofensivo do Boavista. Toñito tentava pregar no jogo, revelando abnegação, mas não conseguia encontrar linhas de passe para o ataque. Zé Manel estava demasiadamente remetido para o centro. Diogo Valente era dos poucos, para além de Toñito, que tentava animar o ataque. Nélson era o único elemento do sector defensivo que passava incólume às falhas, tentando, como sempre, apoiar o ataque. Milhazes revelava dificuldades de posicionamento. Quanto ao meio-campo, Tiago e Lucas, principalmente o último, mostravam o esforço habitual, com o ex-Académica a fechar o lado esquerdo. Como consequência da falta de espaços, o Boavista usava e abusava de lançamentos longos, sem grandes resultados práticos. Todavia, destaque para Toñito, que, após passe de Hugo Almeida, rematou, de pé esquerdo, fazendo a bola passar muito perto do poste direito (relativamente ao guarda-redes) da baliza de Mora. E, aos 34min, Jaime Pacheco decidiu fazer alterações e arriscar: saía o inseguro Milhazes (que também não acrescentou nada em termos ofensivos) para dar lugar a João Pinto (terminava, assim, a novela em torno do futuro de JVP). Lucas passava para lateral-esquerdo e o número 12 jogava mais recuado no terreno do que é costume, numa tentativa de estabilizar e organizar o jogo ofensivo axadrezado. Esse objectivo acabou por ser conseguido na segunda parte, apesar de o artista não conferir rapidez ao jogo do BFC. O intervalo chegava pouco depois. E eis que o segundo tempo marca uma viragem no encontro (não querendo com isto dizer que o Rio Ave, para além dos dois golos, tenha feito algo de relevante na primeira parte). O Boavista entra com grande fulgor, flanqueando o jogo (de modo a escapar ao povoamento do meio-campo vila-condense), com Zé Manel a abrir, finalmente, na direita, fortemente apoiado por Nelson, João Pinto a pautar o jogo axadrezado e Toñito próximo de Hugo Almeida. Aliás, foi o espanhol que, respondendo a um cruzamento perfeito de Nelson, aproveitando os espaços que os centrais do Rio Ave, mais preocupados com Hugo Almeida, concederam, faz, com um bom golpe de cabeça, o 2-1. Era o prémio justo para a garra evidenciada pelo número 10 do Bessa. A partida ganhava muito mais interesse, com o Rio Ave cada vez mais remetido ao seu meio-campo defensivo. O Boavista apertava o cerco, com destaque para um bom remate de Nelson, que passou ligeiramente ao lado da baliza de Mora. Com a expulsão, por acumulação de cartões amarelos, de Evandro, Pacheco lança Flores, para o lugar do amarelado Lucas, na tentativa de aproveitar as bolas ganhas por Hugo Almeida no jogo aéreo. Todavia, o árbitro da partida, Pedro Proença (que, instantes antes do reatamento da partida, decidiu vir aquecer para junto dos adeptos do Boavista, dirigindo olhares algo provocatórios) conquistava protagonismo, face à dualidade de critérios evidenciada, no que concerne às faltas assinaladas para os dois conjuntos, recorrendo, de forma abusiva, à exibição de cartões amarelos. Foi neste contexto que Hugo Almeida é expulso: o árbitro assinala uma falta bastante discutível, alegadamente cometida pelo esquerdino (que vê o cartão amarelo), e o avançado emprestado ao Boavista, no entender de Pedro Proença, utiliza linguagem ofensiva, que seria merecedora de expulsão (duvido que acontecesse o mesmo se o jogador em questão representasse outros clubes). No entanto, o Boavista não esmorecia e, aos 79min, Diogo Valente desmarca-se, efectua o passe para Zé Manel, que sofre falta. Na sequência da marcação do livre, o ex-Paços de Ferreira remata à figura de Mora. Na busca desesperada da igualdade, Pacheco troca Cadú (então a defesa-esquerdo) por André Barreto, procurando fornecer mais profundidade ao flanco esquerdo. O médio, adaptado a lateral-esquerdo, entra bem na partida e contribui para o asfixiar do Rio Ave. E, aos 88min, após uma insistência resultante de um pontapé de canto ganho por Diogo Valente, o Boavista chega, finalmente, ao empate: Zé Manel marca o canto, a bola sobra para Tiago, que, de pé esquerdo, efectua um cruzamento que parecia excessivamente largo; contudo, Zé Manel recupera a bola, cabeceando e acabando por surpreender Mora. Era o delírio no sector reservado aos boavisteiros. Porém, a vitória já não seria possível, visto que o facto de o Rio Ave continuar, surpreendentemente, a perder tempo, aliado ao espectáculo da exibição de cartões e marcação de faltas pelo árbitro não permitiram que o BFC, em quatro minutos, fizesse o 2-3 (justo, diga-se). O empate acaba por não ser muito penalizador, num jogo em que a defensiva boavisteira voltou a cometer erros de palmatória. Nos antípodas, de realçar a atitude ambiciosa evidenciada pela equipa na segunda parte, com destaque para Toñito, Diogo Valente, Zé Manel, Nélson e João Pinto. No entanto, fica um reparo: na minha opinião, João Pinto deverá jogar mais adiantado no terreno (nas costas do ponta-de-lança), uma vez que, no meio-campo, revela alguma insegurança no passe (talvez Toñito a organizar jogo fosse uma melhor solução).
Boavista Carlos; Nélson, Hélder Rosário, Cadú e Milhazes; Tiago e Lucas; Zé Manel (Cafú, aos 72min), Toñito (João Pedro, aos 80min) e Diogo Valente; Hugo Almeida (André Barreto, aos 88min)
Treinador: Jaime Pacheco
Marítimo Marcos; Luís Filipe, Tonel, Mitchell van der Gaag e Eusébio; Wênio (Marcinho, aos 76min), Chainho e Silas; Alan, Bibishkov e Manduca (Lobaton, aos 55min)
Treinador: Mariano Barreto
O Boavista arrecadou, esta tarde, três importantíssimos pontos frente a um rival directo, o Marítimo. Mostrando superioridade ao longo de todo o encontro, não se deixando atemorizar quando o Marítimo "reduziu" para 3-2. Destaque óbvio para um jogador que se tem vindo a afirmar como uma das revelações desta Superliga, Diogo Valente, com dois golos (o primeiro dos quais absolutamente soberbo). Quanto a Hugo Almeida, pode afirmar-se que o ponta-de-lança, apesar de denotar alguma lentidão também esteve em plano positivo, ganhando muito jogo de cabeça e podia ter marcado mais cedo, num remate espectacular, de fora da grande área, que passou ligeiramente ao lado da baliza de Marcos. No que concerne à partida propriamente dita, o Boavista entrou de uma forma pressionante, procurando inaugurar o marcador nos minutos iniciais. Zé Manel, praticamente a abrir a partida, após um cruzamento de Diogo Valente, perante Marcos, não teve a calma suficiente para dominar a bola, rematando, de primeira, por cima. Estava dado o aviso e, aos 11 minutos, Zé Manel, com um excelente passe longo, marcando a viragem de flanco, solicita Diogo Valente, que, de primeira, com um remate fantástico, muito bem colocado, faz o 1-0, num golo semelhante ao que o número 11 "axadrezado" apontou frente ao Nacional, na Choupana, no jogo da Superliga. Estava dado o mote para uma exibição de grande qualidade do BFC. No meio-campo, os abenegados Lucas e Tiago ganhavam superioridade, com o primeiro a protagonizar um excelente jogo, pois, além da garra que demonstrou na luta pela posse de bola a meio-campo, subiu muitas vezes pelo flanco esquerdo, arrancado, aliás, um remate que obrigou o guarda-redes madeirense a uma defesa apertada, após um bom trabalho no lado canhoto da grande área. Quanto ao Marítimo, a equipa funchalense só esporadicamente conseguia almejar a baliza do Boavista. Toñito, o criativo "axadrezado" também protagonizava uma actuação positiva, organizando jogo e tentando, por vezes, recorrendo à sua técnica, perfurar a defesa madeirense. No sector defensivo, Cadú e Hélder Rosário mostravam segurança, superiorizando-se no jogo aéreo, Nélson não sentia dificuldades nem com Alan nem com Manduca e aventurava-se, como é seu apanágio, muitas vezes no ataque. No flanco oposto, Milhazes, que até auxiliava bem o ataque, tinha problemas em se posicionar em boas condições. Todavia, as constantes descidas de Diogo Valente evitavam males maiores. Carlos apresentava muita segurança nos cruzamentos e Zé Manel era dos elementos mais esforços. Foi neste quadro que, com naturalidade, o Boavista marcou o segundo golo, quase a fechar o primeiro tempo; passe, de cabeça, de Tiago para a grande área, onde se encontrava Diogo Valente, que, após ultrapassar Marcos, bisa, com o pé direito (o seu pior pé). O intervalo chegava com um justo aplauso à equipa boavisteira. Na segunda parte, o Marítimo tentava controlar o jogo, mas era o BFC que, em contra-ataque, criava mais perigo. Foi no segundo tempo que o árbitro, Duarte Gomes, começava a ganhar protagonismo. Aos 52min, Zé Manel, isolado, sofre, à entrada da grande área, uma carga ilegal de Tonel, que daria direito a um livre muito perigoso e à expulsão do defesa insular. Logo a seguir, já não tem dúvidas em assinalar uma falta sobre Silas, muito duvidosa, que resultava num livre em posição frontal, que Alan, no entanto, não aproveitou, rematando contra a barreira. Aos 60min, o Boavista fazia o 3-0 e pensava-se que resolvia o jogo. Bola em Milhazes, o ex-Varzim cruza para Hugo Almeida, que, com muito espaço, marca o terceiro tento. O Marítimo parecia não conseguir reagir, mas, aos 69min, Silas, rematando sem grande convicção, faz a bola embater em Cadú, traindo, caprichosamente, Carlos. A equipa "verde-rubra", quase sem saber como, reentrava no encontro. E foi a partir desse momento que Duarte Gomes começou, autenticamente, a empurrar o Boavista para as imediações da sua grande área. Pacheco ainda fez entrar Cafú para o lugar do exausto Zé Manel, mas era Diogo Valente o elemento que mais se destacava, conseguindo lançar muitos contra-ataques, alguns dos quais interrompidos, de maneira incompreensível, pela equipa de arbitragem. Na sequência de uma falta que ficou por assinalar a favor do Boavista, Alan penetra na direita do seu ataque, aproveitando a passividade de Milhazes, e faz o 3-2. Porém, o Boavista não "abanou" e, apesar da dualidade de critérios do árbitro, que, frequentemente, assinalava, a favor do Marítimo, livres que resultavam de faltas cometidas sobre jogadores "axadrezados", a formação insular não criava oportunidades para chegar à igualdade. Pacheco lançava primeiro João Pedro e, depois, André Barreto, de modo a cortar as linhas de passe ao Marítimo. O encontro terminava, já um pouco para além dos quatro minutos concedidos por Duarte Gomes, com a justa vitória boavisteira. Frente uma equipa complicada, o Boavista rubricou a melhor exibição da época, notando-se uma melhoria gradual de jogo para jogo nos encontros disputados no Estádio do Bessa Século XXI. Houve triangulações, jogadas ao primeiro toque, incursões de Diogo Valente pela esquerda, em suma, uma grande exibição de uma equipa que não merecia ter sofrido os dois golos, os quais o Marítimo não justificou. VIVA O BOAVISTA!!!
Vit. Setúbal - Paulo Ribeiro; Manuel José, Auri, Hugo Alcântara e Nandinho (Zé Rui, aos 24min) ; Sandro e Ricardo Chaves; Jorginho e Bruno Ribeiro, Meyong (Igor, aos 81min) e Bruno Moraes
Treinador: José Couceiro
Boavista Carlos; Nélson, Hélder Rosário, Cadú e Carlos Fernandes; Lucas (João Pinto, aos 63min), Tiago e João Pedro; Zé Manel, Cafú (Fary, aos 59min) e Diogo Valente (Martelinho, ao intervalo)
Treinador: Jaime Pacheco
Em primeiro lugar, é importante iniciar esta crónica com uma excelente notícia, embora muito pouco realçada pela Comunicação Social, principalmente quando comparada com situações semelhantes que ocorreram com determinados jogadores de outros clubes, que o jogo de Setúbal trouxe: o regresso de Fary às partidas oficiais. O ponta-de-lança senegalês (jogou cerca de meia-hora) até registou uma exibição positiva, procurando segurar jogo na grande área adversária, na tentativa de abrir espaços para solicitar colegas de equipa. E este foi um dos poucos aspectos animadores que este encontro mostrou. Não é o resultado que está em causa (o empate não é mau de todo), mas sim a exibição muito sofrível que a equipa registou na segunda parte. Fazendo uma retrospectiva daquilo que foi o jogo desde o seu início, convém realçar que a primeira parte até foi razoável (embora longe de se poder considerar boa). Apesar da gritante falta de criatividade no ataque (João Pinto e Toñito no "banco"... e Lucas alguns furos abaixo, em termos de distribuição de jogo, do que havia feito, por exemplo, no duplo confronto com o Nacional) e da inoperância de Cafú (fraco no jogo aéreo, não conseguindo, também, segurar a bola para solicitar as diagonais de Zé Manel e Diogo Valente), o Boavista mostrava organização no seu meio-campo defensivo. Lucas e Tiago trabalhavam muito e bem (como é seu apanágio) e João Pedro cumpria, quase na perfeição, a missão de anular Jorginho. No sector defensivo, Carlos Fernandes, face ao baixo rendimento de Jorginho, tinha uma noite tranquila, podendo, devido ao precioso auxílio do incansável Diogo Valente, funcionar como terceiro central, uma vez que o Setúbal apresentava dois avançados. Hélder Rosário e Cadú, este de regresso ao "onze", mostravam segurança e Nélson, com tem sido habitual, além de defender (se bem que não tivesse muito trabalho, pois Bruno Ribeiro e, depois, Zé Rui praticamente não o incomodavam), tentava lançar o ataque. Destaque, no primeiro tempo, para um bom remate de Zé Manel, quase a abrir o jogo, que passou ligeiramente ao lado da baliza setubalense, e para um cabeceamento em simultâneo de Cadú e Hugo Alcântara, que obrigou Paulo Ribeiro a uma defesa muito apertada. Zé Manel era o melhor em campo., visto que tentava imprimir acutilância ao ataque e, por vezes, almejar a baliza contrária. Eis o resumo da primeira parte. Todavia, o pior estaria para vir e eu, como boavisteiro, até nem tenho grande vontade de me alongar acerca do segundo tempo. A fraca actuação boavisteira começou com duas alterações erradas de Pacheco: a troca de Diogo Valente por Martelinho nunca pareceu acrescentar algo à equipa, antes pelo contrário (ainda por cima colocando o capitão do BFC a jogar no flanco canhoto, quando são por demais evidentes as dificuldades que o veloz extremo-direito tem em utilizar o pé esquerdo para efectuar cruzamentos), deixando Carlos Fernandes mais desapoiado; quando à substituição de Lucas por João Pinto, se a entrada do "artista" se justificava, já o jogador a ser substituído nunca poderia ser Lucas. Se Jaime Pacheco queria arriscar, sem perder o domínio no meio-campo, o futebolista rendido deveria ser João Pedro, porque este, não obstante a boa marcação individual sobre Jorginho nos primeiros 60 minutos, quando teve desempenhar o papel de, juntamente com Tiago, participar na "batalha" do meio-campo, teve problemas. Consequências: o Setúbal passava a controlar o encontro (apesar de o seu criativo não estar, claramente, em noite de grandes brilhantismos), a equipa do Boavista ficava nervosa, passando, quase única e exclusivamente, a aliviar a bola para o meio-campo adversário. Ora, esta situação em nada favorecida João Pinto, jogador que necessita de ter a bola nos seus pés. Por tudo isso, em minha opinião, Jaime Pacheco deveria convencer-se de que João Pinto (ou o outro criativo que tem à sua disposição, Toñito) tem lugar na equipa, a fim de conferir criatividade ao ataque, e que, no meio-campo, a dupla Tiago/Lucas, pela abenegação que ambos os futebolistas mostram, é a mais indicada. Relativamente à frente de ataque, Cafú mostrou, uma vez mais, que não é ponta-de-lança.
Boavista Carlos; Nélson, Hélder Rosário (Cafú, aos 84min), Éder e Carlos Fernandes; Lucas, João Pedro e André Barreto (João Pinto, aos 15min); Zé Manel, Hugo Almeida e Diogo Valente
Treinador: Jaime Pacheco
Gil Vicente Paulo Jorge; Tonanha, Gregory, Ezequias e Nuno Amaro; Ednilson, Braima, Luís Coentrão e Casquilha (Paulo Costa, aos 82min); Nandinho (Fábio Januário, aos 90min) e Carlos Carneiro (Luís Tinoco, aos 93min)
Treinador: Ulisses Morais
É verdade que um jogo de futebol constuma ser dividido em duas partes de 45min (um pouco mais tendo em conta os descontos). Todavia, é mais correcto considerar que o jogo do passado domingo teve uma primeira parte que correspondeu aos 15 minutos iniciais e a segunda, que "principiou" com a entrada de João Pinto, marcou um intenso domínio do Boavista. Começando pela "primeira parte", convém salientar o receio demonstrado por Jaime Pacheco, que, a jogar em casa, apostou em três médios-defensivos, deixando os dois criativos do plantel no "banco". O BFC entrou mal no encontro, não conseguindo fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque (André Barreto, que teria, à partida essa função denotava uma gritante apatia). Consequência disso, o Gil Vicente, que apostava no empate, foi convidado a tentar alvejar a baliza de Carlos e, aos 13min, após um lance de bola parada, a defesa foi, mais uma vez, ingénua, não aliviando uma segunda bola que se encontrava na grande área ao alcance dos defesas, e Gregory, aproveitando a oportunidade que lhe fora concedida, inaugurou o marcador. A desvantagem teve o condão de espicaçar a equipa "axadrezada", que reagiu e, impulsionada pela substituição de André Barreto por João Pinto, começou a praticar um futebol mais fluido, com mais circulação de bola, procurando solicitar o ponta-de-lança. Foi neste período que o Gil Vicente iniciou as ridículas e exageradas perdas de tempo, principalmente por parte do seu guarda-redes Paulo Jorge, o tal que, literalmente, partiu a perna direita a Fary, tudo com a colaboração do sr. Pedro Henriques (quem não se lembra do BFC X Sporting da época 2002/2003, em que o mesmo protagonista prejudicou, de forma clara e grosseira, o nosso clube). O árbitro da partida, na segunda parte, em várias ocasiões, chegava mesmo a virar costas ao guarda-redes do Gil Vicente, quando este demorava na marcação dos pontapés-de-baliza! Voltando ao jogo propriamente dito, o Boavista dominava e, até ao final dos 45 minutos iniciais, destaque para duas situações: à meia-hora de jogo, após um excelente trabalho individual de João Pinto, descaindo para direita e cruzando para Hugo Almeida, que, de cabeça, rematou por cima; pouco depois, cruzamento de Diogo Valente e Zé Manel, de primeira, remata às malhas laterais da baliza barcelense, dando, inclusive, no imediato, a sensação, na bancada, de que tinha sido o golo do empate. O intervalo chegava com a clara ideia de que a vantagem gilista não ia durar muito mais. E era verdade. O Boavista entrou ainda mais pressionante na segunda parte e, aos 53min, chegou com naturalidade ao 1-1. Num livre indirecto, Diogo Valente deu um pequeno toque para colocar o esférico em Zé Manel, que rematou forte para uma defesa complicada de Paulo Jorge; na sequência do canto, que foi marcado curto, para Hélder Rosário, que, imitando Zé Manel, executou uma remate pujante, que Paulo Jorge defendeu para a frente, aproveitando João Pinto para regressar aos golos no Estádio do Bessa. Era mote ideal para o "grande artista", que foi o melhor em campo. O Boavista, galvanizado pelo tento, encostou completamente o Gil Vicente ao últimos terço do seu meio-campo, equipa que, mesmo tendo sido anulada a sua vantagem no marcador, não alterou absolutamente nada na sua postura negativa. Não se percebe por que razão estas formações defendem o "pontinho" com "unhas e dentes" e, na conferência de imprensa pós-jogo, o seu treinador tem o desplante de afirmar que apostou numa atitude ofensiva. Terminado este aparte, de realçar a grande oportunidade que o Boavista teve para perfazer a "reviravolta": Diogo Valente isola-se na direita, mas, perante Paulo Jorge, face à necessidade de puxar a bola para o seu pé esquerdo, não consegue desfeitear o guarda-redes gilista; no entanto, Hugo Almeida recupera o esférico, temporiza muito bem, solicitando Nélson, que, vindo de trás, remata caprichosamente à barra; João Pinto, em desequilíbrio, não aproveita a ausência de Paulo Jorge da baliza do Gil Vicente e remata por cima. Advinhava-se o segundo golo "axadrezado". No meio-campo, João Pedro, após uma primeira parte em que revelou grande dificuldades, melhorava a sua produção e Lucas, um verdadeiro lutador, procurava auxiliar o ataque. Nélson funcionava praticamente com um segundo extremo-direito. Na frente, Os dois extremos tentavam seguir nas costas de Hugo Almeida. Este último, embora mostrando alguma lentidão, tudo fazia para abrir espaços na defesa adversária. João Pinto era o motor deste Boavista, vindo, algumas vezes, buscar jogo a sectores mais recuados, o que agradava à massa associativa do BFC que foi assistir ao encontro. Todavia, perante este cenário, em que o Boavista asfixiava o Gil Vicente, eis que a equipa barcelense, ardilosa, no único ataque que efectou na segunda parte, regressa, injustamente, à liderança do marcador: Nandinho, na direita, com a lentidão e a passividade de Carlos Fernandes, cruza para Carlos Carneiro, que, livre de marcação, cabeceia para o interior da baliza do BFC. O avançado gilista, nos festejos do segundo golo, provoca de forma inaceitável os boavisteiros presentes na Bancada Nascente, imitando os seus colegas Luís Coentrão, Casquilha e Paulo Jorge na boçalidade e grosseiria que os caracteriza, principalmente o primeiro. Jaime Pacheco arrisca trocando Hélder Rosário por Cafú, substituição que já estava preparada antes do segundo tento gilista. Quando se pensava que os jogadores do Boavista iam acusar o "balde de água fria", estes mostraram todo o seu carácter e continuaram a pressionar. Cafú, na sua primeira intervenção na partida, em muito boa posição, desperdiça incrivelmente o 2-2. No entanto, este viria quase de seguida, por intermédio de Hugo Almeida: Carlos Fernandes, redimindo-se do lance do golo gilista, coloca a bola na grande área e Hugo Almeida, revelando o seu instinto de ponta-de-lança, remata com o seu pé preferido, o esquerdo, para repor a igualdade. O Boavista ainda tentou, com o forte apoio do público, chegar ao 3-2, mas dois factores houve que o impediram: os escassos 5 minutos de compensação dados pelo árbitro (que, na prática, até foram menos, face às perdas de tempo dos jogadores do Gil Vicente nos "descontos" e a atitude dos futebolistas do clube de Barcelos, que, na marcação de um canto aos 93min, tentaram, junto da linha lateral, fazer passar os poucos minutos que faltavam, defendendo o 2-2 como se de uma vitória se tratasse. Contudo, no "pressing" final, o Boavista, bombeando a bola para a grande área, tentava o golo que lhe daria os 3 pontos, mas Éder, precipitado, efectuava um cabeceamento que não veio a trazer qualquer problema à defesa gilista. De recordar que, após o 2-2, Ulisses Morais, o treinador que afirmou que o empate "sabia a pouco" fez duas substuições que nada acrescentavam em termos tácticos, com os jogadores substituídos a demorarem bastante tempo para abandonarem o relvado. Tal atitude só realça a pequenez dos responsáveis de equipas como o Gil Vicente. Assim, o máximo que clubes como esse conseguirão será continuar a lutar para escapar à despromoção. O encontro terminava pouco depois. Apesar do resultado negativo, a equipa do BFC saía do relvado sob um forte aplauso dos seus adeptos, justo, diga-se. Como aspectos positivos, fica a força mental da equipa do Boavista, que sempre acreditou, não obstante as contrariedade, e o bom futebol praticado após o primeiro golo do Gil Vicente e que se prolongou pelo resto da partida. João Pinto mostrou a Jaime Pacheco que continua a possuir a classe e a genialidade que sempre o caracterizaram. Fica, uma vez mais, o destaque para a garra desta equipa, que continua nos lugares cimeiros da Superliga. No entanto, as falhas defensivas continuam e, se o Boavista quiser lutar por objectivos mais ambiciosos nesta temporada (leia-se apuramento para a Liga dos Campeões ou mesmo o título), tem de as corrigir. Para terminar, a crítica que se impõe à arbitragem. O árbitro da partida foi complacente para com o antijogo do Gil Vicente e tenho a certeza que, se o adversário da equipa barcelense fosse outro, com maior poder, esta veria, logo nos minutos iniciais, cartões amarelos atrás de cartões amarelos. VIVA O BOAVISTA!!!
Sp. CovilhãxBoavista
(25/01; 16:00) - 15.ª Jornada
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