| O Boavista regressou às vitórias com um belo triunfo sobre a União de Leiria. João Tomás foi a figura do jogo, ao apontar os dois golos. Importantes estes três pontos para recolocar a equipa na luta pelos lugares cimeiros e, também, para devolver o entusiasmo a uma massa associativa que desde o início da época tem estado com a equipa. Rui Bento alterou não só alguns jogadores que compuseram o onze inicial, bem como o sistema táctico. Os axadrezados jogaram de início num 4-4-2, com dois homens rápidos na frente, Adriano e Sidnei, apoiados por um meio-campo com Ivan Santos na direita, Rui Lima na esquerda e Pedro Moreira no centro, com Bruno Monteiro ligeiramente mais recuado. Na defesa, destaque para o regresso de Zâmbia, ocupando o lado direito, e para a estreia de François (rendendo o lesionado Renato Santos), que fez dupla com Bruno Pinheiro no eixo. Num encontro entre dois clubes que, na temporada transacta, disputaram o campeonato principal do futebol português (e que acabaram ambas por descer de divisão, não obstante tenham protagonizado carreiras bastante diferentes – o Leiria desceu porque fez uma má época, enquanto que o Boavista foi atirado para o segundo escalão fora das quatro linhas), os jogadores do BFC entraram com vontade de ganhar o mais rápido possível a bola e começarem a dominar o jogo. No entanto, talvez porque a formação do Lis tinha um meio-campo reforçado, contra dois homens do Boavista no miolo, a transição pelas zonas interiores não saía, pelo que era pelas alas, onde Ivan e Rui Lima contavam com o apoio dos laterais, bastante ofensivos, que o Boavista saía a jogar para o ataque. Faltava, todavia, maior acerto nos cruzamentos. Outra via para os axadrezados chegarem, mais rápido, ao ataque consistia em, explorando a velocidade dos dois avançados, apostar em lançamentos mais longos. A defesa do Leiria, muito experiente, acabava por conseguir anular essa forma de transição, embora, algumas vezes, recorrendo a faltas não assinaladas pelo árbitro Pedro Proença (um lance em que Luiz Carlos salta apoiado em Adriano, o que resultaria num livre muito perigoso em posição frontal, é o exemplo mais gritante disso mesmo). Desta forma, apesar de ser a equipa mais forte, o Boavista não conseguia criar grandes ocasiões de golo. Quanto ao Leiria, a despeito de se ter mostrando uma equipa muito competitiva, não incomodava o guarda-redes Sérgio Leite. O nulo no marcador ao intervalo podia considerar-se um resultado justo, face à ausência de lances de grande perigo, embora o sinal mais fosse axadrezado. Na segunda parte, tudo foi diferente para melhor. Para muito melhor. O Boavista entrou mais pressionante, jogando com as suas linhas média e atacante mais adiantadas no terreno. O adversário sentiu, assim, mais dificuldades para iniciar a sua manobra ofensiva, acabando, amiúde, por afastar o esférico de qualquer maneira. Sidnei, com uma diagonal nas costas da defesa, esteve perto de, perante o guarda-redes Fernando, inaugurar o marcador. E eis que, aos 54 minutos, Rui Bento faz a primeira substituição, uma mudança que viria a revelar-se decisiva. Saía Ivan Santos (que esteve muito esforçado e, no primeiro tempo, sobretudo na fase inicial, tentou emprestar alguma criatividade e espontaneidade ao sector ofensivo) e entrava João Tomás, que, por não se encontrar a 100% fisicamente, começou o encontro no banco. Voltou, desta forma, o Boavista ao habitual 4-3-3, colocando, assim, mais gente na frente, empurrando ainda mais o Leiria para o seu último reduto. Rui Lima passava do flanco esquerdo para uma zona ligeiramente mais interior, fazendo parelha com Pedro Moreira no apoio ao tridente da frente e subindo de produção. Quem subiu de produção, também, foram os Sidnei e Adriano, agora a jogar mais junto da linha lateral, combinando com os laterais Gilberto e Zâmbia, respectivamente. Além disso, com a entrada do internacional português, o Boavista ganhou maior capacidade física e no jogo aéreo, podendo, assim, em caso de necessidade, apostar num futebol mais directo, obtendo mais frutos disso. Minuto após minuto, notava-se que o golo estava cada vez mais perto e que, muito provavelmente, seria na baliza junto ao Topo Norte, isto é, para onde o Boavista atacava. E a verdade é que, aos 65 minutos, quebrava-se, finalmente, a resistência leiriense. Após mais uma diagonal, Sidnei recebe, na meia-lua da área, uma bola endossada por Pedro Moreira e desmarca Adriano, que, descaído para a esquerda, centra de pé direito para João Tomás. O número 9 axadrezado, quando parece ter tudo para desviar o esférico para dentro da baliza, é autenticamente atropelado por Patrick. Grande penalidade clara, em que o mesmo João Tomás, com um remate colocado para a esquerda do guardião leiriense, não deu quaisquer hipóteses. O Boavista ganhava, justamente, vantagem e passava a ser da União de Leiria a responsabilidade de pegar no jogo e fazer mais para justificar outro resultado. Apesar de ter subido no terreno e começado a jogar de forma pressionante, a verdade é que os forasteiros pouco ou nada fizeram, daí em diante, para chegar ao empate. Apenas um lance aos 77 minutos, na sequência de um canto. È certo que a bola acaba por ir ao poste, mas também não convém esquecer que essa jogada é marcada por uma carga evidente sobre Sérgio Leite na pequena área, sendo o guarda-redes do BFC impedido de se reerguer pelos jogadores adversários. Incrível como não foi assinalada falta. Mas, fora essa situação, era o Boavista quem, em contra-ataque, criava mais perigo. Sidnei, novamente numa diagonal, acabou por surgir uma vez mais perante Fernando, no entanto, o reduzido ângulo, bem como o facto de ter de rematar com o pior pé, o direito, impediram o extremo-esquerdo brasileiro de fazer o 2-0 e resolver o jogo. O encontro acabou por ficar resolvido cerca de 10 minutos depois, em cima dos 90. Pouco depois de Márcio Tarrafa ter rendido Sidnei, João Tomás, depois de recuperar o esférico na grande área contrária, protagoniza o melhor momento não só da partida, como também do campeonato, ao apontar aquele que foi, até agora, sem dúvida, o golo mais bonito desta Liga. Um chapéu perfeito a Fernando, com um único toque a “picar” a bola, levou o Bessa ao rubro pela certeza dos três pontos e, principalmente, por ter acabado de assistir a um instante de verdadeira genialidade. Logo de seguida, Fuska entrava para o lugar do esforçadíssimo Adriano, ainda a tempo de disputar os dois últimos minutos de um encontro que terminava sob o som da ovação dos adeptos axadrezados. Uma vitória importantíssima, perante um adversário difícil. Pela excelente segunda parte, cheia de garra, competitividade e querer, a equipa mostrou aos boavisteiros estar completamente recuperada dos recentes desaires, devolvendo a esperança e a motivação a toda a família axadrezada. O Boavista soma, agora, 14 pontos, ao fim da 10.ª jornada, colando-se ao Feirense no 7.º lugar, a 5 pontos do líder Olhanense e a 4 do 2.º classificado, o Santa Clara, adversário no próximo encontro, nos Açores.
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Onze Inicial 79 Sérgio Leite 13 Zâmbia 15 François 4 Bruno Pinheiro 7 Gilberto 10 Ivan Santos 8 Pedro Moreira 27 Bruno Monteiro 23 Rui Lima 80 Adriano 19 Sidnei Suplentes 1 Pedro Trigueira 2 Diogo Leite 9 João Tomás 14 Benvindo 18 Rodrigo Fuska 35 Márcio Tarrafa 77 Diogo Fernandes Disciplina – cartões amarelos François, aos 52 min Sérgio Leite, aos 78 min Substituições Ivan Santos por João Tomás, aos 54 min Sidnei por Márcio Tarrafa, aos 89 min Adriano por Fuska, aos 90+1 min |
Sp. CovilhãxBoavista
(25/01; 16:00) - 15.ª Jornada
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