O Boavista perdeu por duas bolas a zero no terreno do Feirense, um resultado que, apesar de não ter sido um grande jogo de futebol, foi claramente injusto para a turma axadrezada. Esta deslocação dos comandados de Rui Bento a Santa Maria da Feira fica marcada, pela positiva, por mais uma fantástica presença de boavisteiros (cerca de 1500), que estavam, claramente, em maior número que os adeptos do clube local, e, pela negativa, pela desastrosa actuação da equipa de arbitragem chefiada por Bruno Paixão. O lance do segundo golo, no qual existe uma falta clara de um jogador do Feirense sobre Diogo Fernandes, é o exemplo mais gritante disso mesmo.
Rui Bento não efectuou quaisquer alterações no onze inicial, mantendo, desta forma, o 4-3-3, em oposição ao 4-4-2 utilizado pela formação adversária.
Os primeiros 10/15 minutos da partida não tiveram momentos de grande destaque: bola essencialmente disputada na zona do meio-campo, as defesas a anularem com tranquilidade as iniciativas ofensivas contrárias, em suma, as duas equipas a acertarem as marcações e a procurar “conhecer-se”, de modo a detectar eventuais pontos fracos do opositor. Desde cedo, o Feirense mostrou que ia apostar num futebol directo, explorando, sobretudo, a ala esquerda (o flanco direito do Boavista apresentava-se menos reforçado no aspecto defensivo que o esquerdo, dado que quer Pedro Moreira, quer Adriano têm mais tendência para procurar zonas mais interiores do campo, em comparação com Sidnei e Rui Lima). O Boavista, por seu lado, procurava circular o esférico e ensaiar variações de flanco (a fim de criar desequilíbrios e espaços), mas o último passe acabava por não sair nas melhores condições. As constantes faltas cometidas pelos defensores feirenses (sobretudo sobre João Tomás) que não eram assinaladas eram uma dificuldade adicional que impedia o Boavista de chegar com perigo à área adversária. No entanto, à passagem dos 17 minutos, um bom cruzamento de Gilberto, na esquerda, a visar a cabeça de João Tomás e que apenas foi travado pela cabeça de um defesa da equipa da casa, acabou por ser o sinal que os axadrezados precisavam para começar a crescer e a tomar conta do jogo. E foi isso mesmo que aconteceu. A equipa passou a pressionar mais à frente, o Feirense já não conseguia sair para o contra-ataque e, aos 25 minutos, o BFC criou uma soberana ocasião para marcar: Gilberto, com um excelente passe a rasgar, desmarca Adriano, que, perante o guardião contrário, “pica” a bola e por muito pouco não consegue inaugurar o marcador – o esférico passou a centímetros do poste. Estava, todavia, dado o mote e, até final do primeiro tempo, o Boavista foi sempre, ou quase sempre, superior a uma equipa que apenas ameaçava em lances de bola parada. Ao intervalo, ficava a convicção de que os axadrezados tinham um bom resultado (porque não dizê-lo? a vitória) ao seu alcance. Apesar de o Feirense estar a jogar em casa, o Boavista mostrava ter mais argumentos no futebol jogado.
Na segunda parte, o Boavista entrou ainda mais forte do que no final da primeira. Isto porque um dos aspectos mais importantes no jogo ofensivo da equipa começava a ser conseguido: criar desequilíbrios pelas faixas (sobretudo pela esquerda, onde Sidnei surgiu verdadeiramente endiabrado após o reatamento). Duas boas oportunidades de golo, no quarto-de-hora inicial da etapa complementar do desafio, pareciam fazer crer que a vantagem no marcador seria, somente, uma questão de tempo. No primeiro lance, Pedro Moreira, após boa desmarcação pela direita, ganha a linha de fundo, já na grande área, e passa para trás a solicitar Adriano, que, no entanto, remata para defesa segura do guarda-redes contrário. Na segunda situação, Sidnei, após uma boa variação de flanco feita por Adriano, finta o lateral-direito contrário e cruza ao segundo poste, onde surgiu João Tomás, que, todavia, já cabeceia em desequilíbrio. Logo a seguir a essa jogada, Rui Bento opera a primeira substituição da equipa, entrando Ivan Santos para o lugar de Adriano, numa tentativa de maior frescura e alguma irreverência à ala direita do ataque.
Só que, quando nada o fazia prever, é o Feirense quem, completamente contra a corrente do jogo, se adianta no marcador. Livre na esquerda com a bola a ser colocada imediatamente na área e, aproveitando a confusão, Luciano introduz o esférico na baliza à guarda de Sérgio Leite. Rude golpe para a formação boavisteira, que, mesmo assim, não acusou o toque e tentou prosseguir com a toada pressionante, não obstante muitos lances continuarem a ser mal ajuizados pela equipa de arbitragem, com claro prejuízo para a formação da cidade Invicta. Aos 56 minutos, Rui Bento decidiu trocar de lateral-direito, com Diogo Fernandes a render Michel (que já tinha um cartão amarelo, pelo que o treinador do BFC não quis, e bem, correr riscos). Meia-dúzia de minutos depois, porém, mais uma grande contrariedade para o Boavista: Sidnei, um dos principais dinamizadores do ataque, saía lesionado, entrando para o seu lugar Márcio Tarrafa. Sidnei esse que, momentos antes, teria uma possibilidade soberana oportunidade para marcar, ao surgir isolado diante do guarda-redes, não fosse o lance ter sido (mal) anulado pelo árbitro-assistente, que sanciou um alegado fora-de-jogo. Tarrafa entrava para médio-interior esquerdo (mas com liberdade para aparecer perto do tridente ofensivo e para pegar no jogo) e Rui Lima regressava à posição onde jogou grande parte da sua carreira: extremo-esquerdo.
Contudo, aos 73 minutos, novamente sem ter feito nada que o justificasse, o Feirense amplia a vantagem no marcador e, praticamente, encerra o encontro. Após uma falta clara, como já referido, sobre Diogo Fernandes, a bola sobra para Serginho, que, com um pontapé feliz, remata sem hipóteses para Sérgio Leite. Perante tantas adversidades, a equipa do Boavista, naturalmente, não mais conseguiu reagir de uma forma consistente, jogando, a partir daí, como é costume dizer-se, “mais com o coração do que com a cabeça”. O jogo acabou por chegar ao fim sem mais lances de grande destaque, com um resultado que não espelha, de forma alguma, aquilo que se passou sobre o relvado do Estádio Marcolino de Castro. Mais uma vez, à semelhança do que aconteceu na Póvoa de Varzim e na reacção ao Desportivo das Aves, o resultado menos favorável não impediu a ovação que a imensa assistência boavisteira, incansável no apoio à equipa durante os 90 minutos, dispensou aos seus atletas, como que a sublinhar a garra dos jogadores e a injustiça do resultado. Uma demonstração, afinal, de que todos acreditamos no sucesso desta época.
O próximo compromisso oficial do Boavista tem lugar no próximo sábado, pelas 20 h 30 min, com a recepção ao Guimarães, em duelo a contar para os 16 avos-de-final da Taça de Portugal. Um jogo no qual, estamos certos, a massa associativa boavisteira vai voltar a estar de “mãos dadas” com a equipa.
Sp. CovilhãxBoavista
(25/01; 16:00) - 15.ª Jornada
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